Quando a série
Gotham
foi anunciada, um espírito mesclado de fervor e desconfiança começou a
tomar conta dos espectadores. Afinal de contas, reproduzir qualquer
coisa do universo de um justiceiro que tem a natureza de Batman não é
fácil, justamente pelo fato de Bruce Wayne não ser exatamente um
“super-herói”, mas sim alguém dedicado a combater o crime e que, para
isso, utiliza seu patrimônio investindo em pesquisas e equipamentos de
ponta.
O fato é que, se pararmos para refletir, poucas vezes, seja
nos quadrinhos, nos games ou no cinema, pudemos testemunhar a juventude
do Morcegão. A série
Gotham, que estreia no Brasil no próximo
dia 29, na Warner, ainda não chega a esse ponto: nela, o foco está em
mostrar os desdobramentos do detetive James Gordon, bem mais novo do que
costumamos ver. O comissário é um dos principais parceiros de Batman no
combate à corrupção e à criminalidade. Aqui, Batman ainda nem existe, e
esse é o ponto quente da série: mostrar os acontecimentos que rolaram
antes do Cavaleiro das Trevas surgir.
Em um evento especial realizado na manhã desta sexta-feira, o
Minha Série
e outros veículos tiveram a chance de conferir – a convite da Warner – o
primeiro episódio da série, que estreou segunda-feira nos EUA e foi um
sucesso de audiência.
Estética de filme
O valor de
produção de Gotham é impressionante. A estética, praticamente idêntica à
de um longa, justifica o altíssimo orçamento. A cidade de Gotham tem
uma fotografia incrível, com direção de arte impecável e paletas de
cores acinzentadas que dão o tom do universo de Batman: sombrio e
inescrupuloso.
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O ator Ben McKenzie, à esquerda, interpreta James Gordon; à direita, David Mazouz é o jovem Bruce Wayne. |
O episódio piloto tem quase uma hora de duração e
mostra o icônico assassinato dos pais de Bruce Wayne durante um assalto.
O garoto testemunhou toda a ação e, com o trauma, utiliza recursos para
aquilo que viria a ser chamado de "Batman" – mas ele ainda não sabe
disso e nem imagina que fará essas coisas. Por enquanto, Bruce é apenas
um garoto amparado pelo detetive e o mordomo, um já enrugado Alfred.
A construção de um mundo chamado Gotham City
A
série investe sua narrativa na construção de todo o universo de Batman.
Conforme mencionado no início desta matéria, poucas foram as vezes em
que vimos os “tempos áureos” de Gotham City, e a juventude de Bruce
Wayne também é um tanto misteriosa – o que ele fez entre a fase
pré-juvenil e o período adulto? A série pode ser providencial para
preencher algumas lacunas e amarrar cordas soltas.
Nesse contexto,
o detetive James Gordon (ou Jim Gordon para os íntimos) também está de
faceta rejuvenescida e é encarregado de solucionar o assassinato dos
Wayne. O ator Ben McKenzie consegue representar bem o caráter de Gordon:
um ser humano incorruptível, à prova de balas e comprometido em acabar
com a escória de Gotham sem corromper sua honestidade. Talvez esses
aspectos levem o ainda jovem detetive a se aliar a Batman no futuro.
Pinguim, Mulher-Gato e outros velhos conhecidos em cena
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James Gordon, à direita, confronta Oswald Cobblepot, o futuro Pinguim. |
Figuras
como Oswald Cobblepot, que mais tarde viria a ser o Pinguim, Selina
Kyle, a futura Mulher-Gato, Alfred Pennyworth, o mordomo e fiel
escudeiro de Bruce, entre outros personagens, já dão as caras no
primeiro episódio – e que caras jovens, todos eles – e pavimentam o
terreno ao futuro da série, que já deixa algumas peças soltas para serem
encaixadas depois.
Nos
EUA, a série é transmitida pela Fox. A estreia somou ótimos números na
audiência: foram mais de 8 milhões de espectadores, muitos deles talvez
embalados pelo retorno de
Big Bang Theory, uma vez que o público-alvo de ambas as séries é constituído de amantes de super-heróis.
Aqui no Brasil,
Gotham
estreia na próxima segunda-feira, dia 29, na Warner, às 22h30. As
nossas impressões iniciais são as melhores possíveis. Resta agora torcer
para que a série mantenha a “batata quente”, pois a Fox (americana)
precisava desse fôlego. E qualquer coisa que envolva Batman é sempre uma
boa ideia.
Imagens: Fox