segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Técnicas forenses e a detecção de drogas ilícitas

A Química Forense vem melhorando cada vez mais suas técnicas para identificação de drogas ilícitas, responsáveis por alterações no sistema nervoso central (SNC), em diversos ambientes do nosso cotidiano. As drogas de abuso, dentre elas o álcool, a cocaína e a maconha, são responsáveis por modificações emocionais, de humor, pensamento e comportamento, gerando sensações consideradas agradáveis aos seus usuários.
Várias áreas da sociedade vêm utilizando as análises químicas para verificar o uso destas substâncias no ambiente de trabalho, nos esportes, além do uso no acompanhamento e auxílio de recuperação de usuários em clínicas de tratamento, além do seu uso com finalidade em análises forenses.
Dentre as técnicas que podem ser utilizadas, as que irão gerar quantificações seguras e detalhadas são a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPCL) e a Cromatografia Gasosa Acoplada ao Espectro de Massas (GC/MS).
Estas técnicas podem ser realizadas em diversas amostras biológicas, como urina, sangue, suor, cabelo, saliva. As mesmas vêm sendo necessárias, afinal servem para separar e identificar, com segurança, compostos químicos, além de oferecer rapidez na análise e capacidade de estudo de amostras complexas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo organismo, mas que tem propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento. O uso continuado das mesmas causa dano ao indivíduo, afinal pode modificar, inibir ou reforçar funções orgânicas.
O uso destas substâncias ocorre devido à necessidade de conseguir efeitos agradáveis para um individuo ou mais. No entanto, este efeito vai tornando-se problemático quando a necessidade é tão grande, que domina a vida de pessoa e prejudica toda a sua qualidade de vida, o que acaba gerando também dano à comunidade.
As drogas são classificadas como depressores, estimulantes ou perturbadoras. Os depressores, álcool, geram depressão do SNC, assim como anestésicos voláteis. A depressão leve gera falta de interesse e incapacidade de concentração. Conforme esse quadro vai avançando, ocorre letargia ou sono, diminuição do tônus muscular, diminuição da capacidade de se movimentar e diminuição da percepção de sensações como dor, calor e frio. Os casos acentuados podem levar à inconsciência ou coma, perda de reflexos, insuficiência respiratória e morte.
Já os estimulantes, cocaína, pode gerar desde estímulos leves (vigília, alerta mental e diminuição da fadiga) até estímulos mais fortes, responsáveis por hiperatividade, loquacidade, nervosismo e insônia. Em quadros excessivos pode levar a convulsões, arritmias cardíacas e morte. No caso das drogas perturbadoras, maconha, são responsáveis por afetar pensamentos, percepção e humor do usuário, tornando-os distorcidos e semelhantes aos sonhos. Mesmo não alterando a velocidade dos estímulos cerebrais, podem perturbar a mente do indivíduo.
O álcool é responsável pela depressão do SNC, agindo mais rapidamente nesta região do que em qualquer outra região do corpo. É responsável por diversos casos de violência associados pela embriaguez, pois sempre está ligado à alterações de comportamento devido aos efeitos psicofarmacológicos. Pode gerar euforia quando em contato com o organismo do ser humano. Sua concentração é variada entre organismos, dependendo de parâmetros como a absorção intestinal, o volume de distribuição pelo corpo e a taxa de metabolismo. Pode-se considerar também idade, sexo, peso, quantidade de álcool ingerido diariamente, entre outros.
As análises para identificação do álcool podem ser realizadas, principalmente, com sangue e/ou ar exalado. A técnica utilizada é a Cromatografia Gasosa (GC), devido ao fato de ser eficaz para substâncias voláteis, independente de possuirmos uma matriz sólida ou líquida.
Esta droga é extraída das folhas da Erythroxylum coca, tendo uma potente ação como anestésico local e estimulante do SNC. Pode chegar ao consumidor em forma de sal, que pode ser diluído em água e usado intravenoso, ou por meio de uma base, o crack, que apresenta características voláteis quando aquecido.

Formas na qual a cocaína pode chegar ao consumidor

Como a cocaína causa efeito estimulante, o indivíduo apresenta, após o uso, sinais de alerta e autoconfiança aumentados, sensação de vigor e euforia, além da diminuição do apetite. Seu efeito é rápido e com duração curta. O consumo de álcool associado à cocaína gera resultados mais graves, afinal o etanol aumenta a “vontade” de consumir a cocaína, levando à intoxicação grave, podendo aumentar as chances de morte do usuário.
Também conhecido por Cannabis sativa, é utilizada tanto para fins medicinais quanto para fins recreacionais. O Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC) é seu principal ativo, responsável pelos efeitos da droga. Apesar de metade doo ativo ser perdido na queima da droga, este composto tem alta afinidade com lipídios, o que facilita a penetração pelo sangue, além de gerar mudanças na membrana celular.
A maconha possui ação mais rápida quando inalada, dentre zero e dez minutos, com pico de ação em trinta minutos. O THC, em contato com o sistema nervoso, gera efeitos alucinógenos e depressores semelhantes aos gerados pelo LSD, dentre eles sensação de relaxamento e bem-estar, associados com uma sensação de consciência sensorial aguçada. Também pode gerar efeitos como prejuízo da memória e da coordenação motora, apetite aumentado, taquicardia, vasodilatação, indução da pressão intra-ocular e broncodilatação. Quando usada de maneira exagerada pode gerar ansiedade, confusão, paranoia, agressividade e psicose tóxica. Sua confirmação é feita por meio da GC/MS.
As análises visam a detecção de substâncias tóxicas, usando principalmente dois tipos de testes laboratoriais: os baseados em fluídos corporais e os baseados em amostras de queratina. A janela de detecção dos fluídos é relativamente curta, aproximadamente 2 a 3 dias, quando comparada com a detecção de amostras de queratina, que podem chegar a 6 meses.
Existem variadas técnicas para identificação destas substâncias, como reações volumétricas ou colorimétricas, no entanto as mais usadas são as técnicas espectrofotométricas e cromatográficas.
A cromatografia gasosa (GC) é usada para fins analíticos e permite a separação de substâncias voláteis arrastadas por um gás através de uma fase estacionária, sólida ou líquida, que propicia a distribuição dos componentes da mistura entre as duas fases através de processos fisioquímicos. Na fase móvel é usado o gás de arraste, que transporta a amostra através da coluna cromatográfica até o detector. Este método é limitado à necessidade de amostras voláteis ou estáveis termicamente.
A técnica de espectrometria de massas (MS) estuda as massas dos átomos, moléculas ou fragmentos de moléculas. Para a obtenção de um espectro de massa, as moléculas são ionizadas, então os íons são acelerados em um campo elétrico e separados conforme sua massa e sua carga elétrica. Nesta técnica, um espectrômetro de massa bombeia uma substância com elétrons para produzir íons, que atravessam um campo magnético, responsável por separar estes íons em padrões de espectro de massa, usualmente associado a GC ou HPLC. Isto faz com que a análise quantitativa de pequenas quantidades de amostras seja possível.
A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) é muito aplicada à separação de solutos de diferentes polaridade, massas molares e funcionalidades químicas. Essa técnica possui adaptabilidade para determinações quantitativas, com boa sensibilidade, possibilidade de separação de espécies não voláteis e termicamente instáveis; além disso, possui aplicação em determinações ambientais e em muitos outros campos da ciência. Dentro desta técnica, 90% dos laboratórios usam pelo menos um método que aplica a modalidade de CLAE em fase reversa (CLAE-FR), que possui uma fase estacionária de menor polaridade e uma fase móvel de maior polaridade, enquanto a fase normal tem as polaridades invertidas. Estas fase apresentam vantagens como o uso de fases móveis menos tóxicas e de menor custo, fases estacionárias estáveis de muitos tipos diferentes, rápido equilíbrio da coluna após a mudança da fase móvel, facilidade de empregar eluição por gradiente, maior rapidez em análises e boa reprodutibilidade dos tempos de retenção.
As fases móveis utilizadas devem possuir alto grau de pureza e estar livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos, sendo filtradas e desgaseificadas antes do uso. A bomba deve proporcionar ao sistema vazão contínua sem pulsos com alta reprodutibilidade, as válvulas de injeção usadas possuem uma alça de amostragem para introdução da amostra. As colunas utilizadas são geralmente de aço inoxidável e o detector mais utilizado é o ultravioleta. O registro de dados pode ser feito através de um registrador, um integrador ou um microcomputador.
Tanto a HPLC quanto a CG são métodos eficientes, no entanto a HPLC associada a MS (HPLC-MS) vem sendo a mais eficiente para a detecção de substâncias ilegais, além de capacidade de obtenção de um perfil químicos destas drogas.

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