IMPORTANTE: não tentem fazer isso em casa! Todas as fórmulas que serão descritas nessa série de postagens são para fabricação por profissionais da área. Fizemos as mesmas na faculdade sob supervisão de um professor.
Suspensões
Suspensões
são formas farmacêuticas compostas por duas fases: líquida (contínua) e sólida
(interna, descontínua e dispersa). As partículas sólidas são insolúveis na fase
líquida, mas, através de agitação podem ser facilmente suspensas. A fase
interna (sólida) não atravessa o papel de filtro, por este motivo, as
suspensões não devem ser filtradas.
As
suspensões são utilizadas para formulações de uso oral (suspensão oral), uso
tópico na pele e em mucosas e uso parenteral.
Algumas
suspensões orais já vêm prontas para o uso, ou seja, já estão devidamente
dispersas num veiculo líquido com ou sem estabilizantes e outros aditivos
farmacêuticos. Outras preparações estão disponíveis para uso na forma de pó
seco, destinado a ser misturado com veículos líquidos. Este tipo de produto
geralmente é uma mistura de pós que contém fármacos, agentes suspensores e de dispersão;
essa mistura, ao ser diluída e agitada com uma quantidade especificada do
veículo (geralmente água purificada), forma uma suspensão apropriada à
administração, chamada suspensão extemporânea.
Esta
forma em pó é ideal para veicular fármacos instáveis em meio líquido (ex.:
antibiótico betalactâmicos).
Vantagens
das Suspensões Orais:
ü Forma
farmacêutica ideal para veicular princípios ativos insolúveis em veículos,
normalmente utilizada em formulações líquidas
ü Forma
farmacêutica ideal para dispersar formas farmacêuticas sólidas, (ex.:
comprimidos) devidamente pulverizados, na forma líquida para pessoas com
dificuldade de deglutição
ü Opção
de forma farmacêutica para veicular fármacos de sabor desagradável, pois a
forma de suspensão realça menos o paladar dos mesmos, quando comparada à forma
de solução. Esta forma farmacêutica pode ser flavorizada e edulcorada,
adaptando-se às preferências de paladar do paciente
ü Em
suspensões, o fármaco se encontra finamente dividido, portanto, sua dissolução
ocorre rapidamente nos fluidos do TGI (trato gastrointestinal). A velocidade de
absorção de uma droga veiculada na forma de suspensão é geralmente mais rápida,
quando comparada a forma sólida oral e mais lenta, quando comparada à forma de
solução. A velocidade de absorção de uma droga em uma suspensão depende da
viscosidade (produtos mais viscosos liberam mais lentamente a droga)
ü Apresenta
maior estabilidade quando comparada às soluções
ü Por
estar dispersa e não solubilizada, a droga está mais protegida da rápida
degradação ocasionada pela presença de água
ü Drogas
instáveis quando em contato com o veículo, podem ser preparadas na forma de
suspensão extemporânea (forma de pó para reconstituição caseira)
ü Drogas
que se degradam em soluções aquosas podem ser suspendidas em fase não aquosa,
por exemplo, em óleos
Características
de uma Boa Suspensão:
ü Tamanho
das partículas - Devem
ser reduzidas (micronizadas) a um tamanho que resulte em homogeneidade,
geralmente entre 0,5 a 3 microns de diâmetro. O
tamanho reduzido das partículas sólidas é uma característica muito importante,
pois evita que as mesmas se sedimentem facilmente, facilitando também sua
redispersão e prevenindo ainda, a formação de cristais. O tamanho das
partículas dispersas deve permanecer constante por longo períodos de repouso.
Uma boa suspensão deve sedimentar lentamente e voltar a dispersar-se facilmente
com a agitação suave do recipiente.
ü Fluidez - Quanto
mais viscosas, mais estáveis serão as suspensões . Porém, o excesso de
viscosidade compromete o aspecto e a retirada do medicamento do frasco. A
suspensão deve escoar com rapidez e uniformidade do recipiente. Uma boa
suspensão deve apresentar estabilidade química, física e microbiológica. A
Lei de Stoke fornece informações sobre quais parâmetros influenciam na
sedimentação de partículas em uma suspensão, informações estas úteis, na
farmacotécnica para controlar e retardar a velocidade de sedimentação. As
consequências básicas desta equação são que a velocidade de sedimentação das
partículas suspendidas em um veículo, de uma dada densidade, será maior para
partículas maiores do que para partículas menores.
Além
disso, quanto maior for a densidade das partículas, maior será a velocidade de
sedimentação. Aumentando-se a viscosidade do meio, dentro de certos limites,
para que a suspensão permaneça fluida e escoável, se reduz a velocidade de
sedimentação das partículas sólidas da droga. Portanto, o decréscimo da sedimentação
das partículas sólidas em uma suspensão, pode ser obtido pela redução do
tamanho das partículas a serem dispersadas e pelo aumento da densidade e da
viscosidade da fase contínua (líquida).
Composição
Básica de uma Suspensão
ü Fármaco
sólido a ser disperso: devem
ser micronizados em um gral com auxílio de um pistilo, por levigação, com o
veículo viscoso ou com agentes de levigação (ex.: glicerina, propilenoglicol e
veículo com o agente suspensor).
ü Agente
Suspensor: é usado para aumentar a viscosidade e retardar a sedimentação.
ü Agentes
floculantes: são
utilizados com o objetivo de evitar a formação de agregados ou flocos. Esses
agentes são divididos em surfactantes, polímeros hidrofílicos, argilas e
eletrólitos. Alguns agentes floculantes:
•
Lauril sulfato de sódio (0,5 a 1,0%)
•
Docusato sódico (0,01 a 1,0%)
•
Polisorbato 80 (tween®80) - (0,1 a 3%)
•
Monooleato de sorbitano (span 80) - (0,1 a 3,0%)
•
Polietilenoglicol 400 - (até 10%)
•
Colóides hidrofóbicos (ex. goma xantana, Veegun®, CMC, etc)
•
Argilas (ex. bentonita)
•
Cloreto de sódio (até 1%)
•
Fosfato diácido de potássio.
A
floculação é um processo no qual as partículas se agrupam formando aglomerados
frouxos. A defloculação é o oposto, ou seja, a quebra dos aglomerados em partículas
individuais.
ü Agentes
umectantes: são
acrescidos nas formulações de suspensões, com o objetivo de auxiliar a
dispersão da droga. São eles: surfactantes, glicerina, propilenoglicol,
polietilenoglicol 400, sorbitol, álcool, dentre outros.
ü Outros
adjuvantes farmacotécnicos utilizados: edulcorantes,
flavorizantes, corantes, corretores de pH, tampões e conservantes.
ü Veículos: podem
ser edulcorados e conter agentes suspensores.
Suspensão de hidróxido de alumínio:
ü Indicações:
hiperacidez, refluxo gastroesofágico, gastrite, úlcera péptica, hérnia de hiato
e tratamento de hiperfosfatemia.
ü Posologia:
adulto: 300mg a 500mg VO, 4 vezes ao dia, entre as refeições e ao deitar.
ü Contra
indicação: hipersensibilidade aos sais de alumínio, hipofosfatemia, porfiria,
pacientes menores de 6 anos, pacientes com obstrução intestinal, gravidez e
lactação.
ü Efeitos
adversos: constipação intestinal, cãibras abdominais, náusea, vômito,
descoloração das fezes, hipofosfatemia e
hipomagnesemia.
ü Interações:
pode reduzir a absorção de indometacina, preparações contendo ferro,
isoniazida, alopurinol, benzodiazepínicos, deflazacorte, penicilamina,
fenotiazinas, sulipiridas, antagonistas dos receptores H2, cetoconazol,
itraconazol, inibidores da ECA, losartan, azitromicina, cefaclor,
ciprofloxacina, norfloxacina, rifampicina, tetraciclinas, fenitoína,
gabapentina, cloroquina, hidroxicloroquina, zalcitabina, bifosfonatos,
digoxina, salicilatos, lansoprazol e difluzinal. Aumenta a excreção urinária de
salicilatos. Pode aumentar a irritação gástrica com medicamentos de liberação
entérica.
ü Precauções:
pode ocorrer intoxicação alumínica e osteomalácea em pacientes com uremia. Usar
com cautela na insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, edema,
cirrose, dietas hipossódicas, presença de hemorragia gastrointestinal. Idosos
apresentam maior incidência de constipação.
Solução de calamina (Caladryl®)
ü Indicações:
é um antipruriginoso, indicado para aliviar os sintomas provocados pelas
picadas de insetos, irritação causada por plantas, para o alívio do ardor,
ardência e urticária causadospela queimadura solar ou outras irritações da pele
de pequena intensidade.
ü Posologia:
Lavar a pele com água e sabão, secar bem antes de cada aplicação. Aplicar a
loção na região afetada 3 ou 4 vezes ao dia. CALADRYL® é medicamento para ser
aplicado exclusivamente sobre a pele.
ü Contra
indicação: é contra-indicado em pacientes que apresentam hipersensibilidade
(alergia) aqualquer componente da fórmula. CALADRYL® não deve ser aplicado
sobre bolhas, feridas ou áreas cutâneas com secreção. Não deve ser usado em
varicela (catapora) ou sarampo, exceto sob orientação médica. CALADRYL® é
contra-indicado em crianças menores de 2 anos de idade.
ü Efeitos
adversos: A reação adversa mais comum é a sensação de queimação na pele. Além
dessa, podem ocorrer outras reações como alergia após exposição ao sol,
dermatite de contato, e eczemas. Também podem ocorrer sintomas gerais tais
como: secura na boca, insônia, tremores e/ou irritabilidade.
ü Interações:
não deve ser usado concomitantemente com outro medicamento contendo
difenidramina.
Precauções: não deve
ser utilizado em áreas extensas da pele ou por mais de 7 dias, exceto sob
orientação médica. Após a aplicação deve-se evitar a exposição ao sol, devido à
possível reação de fotossensibilidade (neste caso, a área afetada pode piorar).
CALADRYL® é destinado somente para uso externo, devendo ser utilizado com
cuidado na área próxima aos olhos, evitando o contato com os olhos ou outras membranas
mucosas (por exemplo, boca ou nariz). CALADRYL® contém cânfora, por isso, pode
ser prejudicial se for ingerido. A cânfora não pode ser aplicada nas narinas de
crianças mesmo em pequenas quantidades, pois pode causar reações graves
imediatas. Informe a um médico o aparecimento de reações desagradáveis, tais
como dermatite de contato, reações fotoalérgicas (alergia causada pela
exposição à luz solar), secura na boca, insônia, tremores e/ou irritabilidade.
Na ocorrência de erupções na pele e sensação de queimação ou reações
indesejáveis que possam ser eventualmente atribuídas ao tratamento, suspenda o
medicamento, lave a área com água e sabão e comunique a um médico. Não use
outro medicamento contendo difenidramina enquanto estiver utilizando CALADRYL®.Para a preparação das duas suspensões (suspensão de hidróxido de alumínio e suspensão de calamina) são necessárias as seguintes matérias-primas:
Suspensão de hidróxido de
alumínio
hidróxido
de alumínio .......................... 6,0g
sacarina
sódica .................................... 0,1g
nipagin
.................................................. 0,1g
álcool
etílico .......................................... q.s.
essência
de menta ................................ q.s.
glicerina
.................................................. 25ml
CMC
sódica ............................................ 0,1g
água
destilada .......................................... 100ml
Suspensão de calamina
(Caladryl®)
calamina
................................................ 10,0g
cloridrato
de difenidramina ...................... 20,0mg
cânfora
................................................. 0,1g
nipagin
.................................................. 0,1g
álcool
etílico .......................................... q.s.
tween
80 ................................................... 1 gota
glicerina
.................................................. 2,0ml
CMC
sódica ............................................ 1,0g
água destilada
.......................................... 100ml
Mas, afinal, para que serve cada um destes produtos?
ü Hidróxido
de alumínio – reduz a carga ácida total em virtude da reação de neutralização
do ácido clorídrico. Desta forma as quantidades de íons hidrogênio, para
retrodifusão através da mucosa gastrintestinal, diminuem
ü Álcool
etílico – segundo solvente mais utilizado, diminui a possibilidade de
hidrólise, tem conservação indefinida e pode ser misturado com água
ü Água
destilada – usada como veículo
ü Nipagin
(metilparabeno) – conservante antifúngico
ü CMC
(carboximetilcelulose) sódica – agente suspensor (agente doador de viscosidade,
utilizado para reduzir a velocidade de sedimentação de partículas (drogas)
dispersadas em um veículo no qual elas não são solúveis) ou agente floculante
(utilizado com o objetivo de evitar a formação de agregados ou flocos)
ü Glicerina
– em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada por suas
propriedades umectantes e emolientes. Em formulações parenterais (injetáveis) é
principalmente utilizada como solvente. Em formulações de uso oral a glicerina
é utilizada como agente edulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade.
ü Sacarina
sódica – agente edulcorante não-calórico usado para adoçar (edulcorar)
preparações farmacêuticas
ü Essência
– composição aromática
ü Calamina
– protetor tópico da pele e adstringente
ü Cloridrato
de difenidramina – anti-histamínico de primeira geração
ü Cânfora
– utilizada com sedativo cutâneo, nas contusões, luxações e dores reumáticas,
proporcionando uma sensação de refrescância na pele
ü Tween
80 – agente floculante utilizado com o objetivo de evitar a formação de
agregados ou flocos
Suspensão de hidróxido de
alumínio
Começamos
pesando todos os itens que iriamos usar. Primeiro solubilizamos a CMC sódica em
água destilada em um gral de vidro (sempre adicionando água aos poucos, para
não criar grumos). Depois de solubilizada a CMC nas 100ml de água, transferimos
pro cálice e deixamos em repouso. Solubilizamos
o nipagin em uma pequena quantidade (q.s.) de álcool etílico e depois
solubilizamos o nipagin na glicerina.
No
béquer em que pesamos o hidróxido de alumínio incorporamos a glicerina com o
nipagin e a sacarina e solubilizamos bem. Depois de aproximadamente 30 minutos
de repouso vertemos o conteúdo do béquer no cálice com a CMC e homogeneizamos.
Por último colocamos 3 gotas de essência de menta.
Suspensão de calamina
(Caladryl®)
Nessa
suspensão o professor pediu para que fizéssemos a manipulação da maneira que
considerássemos correta. Nosso grupo fez da maneira descrita abaixo. Assim
como na suspensão de hidróxido de alumínio, começamos pesando todos os itens
que iriamos usar. Primeiro solubilizamos a CMC sódica em água destilada em um
gral de vidro (sempre adicionando água aos poucos, para não criar grumos).
Depois de solubilizada a CMC nas 100ml de água, transferimos pro cálice e
deixamos em repouso.
Solubilizamos
o nipagin em uma pequena quantidade (q.s.) de álcool etílico e depois
solubilizamos o nipagin na glicerina.
Depois de
aproximadamente 30 minutos de repouso vertemos a calamina, o cloridrato de
difenidramina, a cânfora e a glicerina com nipagin no cálice com a CMC e
homogeneizamos. Por último colocamos 1 gota de tween 80.
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