domingo, 22 de março de 2015

Fórmulas Magistrais #6 - Soluções

     Hoje é dia de conhecermos a sexta publicação da série sobre fórmulas magistrais: as soluções. Aproveite e boa leitura!

     IMPORTANTE: não tentem fazer isso em casa! Todas as fórmulas que serão descritas nessa série de postagens são para fabricação por profissionais da área. Fizemos as mesmas na faculdade sob supervisão de um professor.

Soluções

Antisséptico se refere a tudo o que for utilizado no sentido de degradar ou inibir a proliferação de microrganismos presentes na superfície da pele e mucosas. São substâncias usadas para desinfetar ferimentos, evitando ou reduzindo o risco de infecção por ação de bactérias ou germes.
Um antisséptico ideal deve ser capaz de destruir a forma vegetativa de todos os microrganismos patogênicos, requerer tempo limitado de exposição e ser eficaz em temperatura ambiente, não-corrosivo, atóxico para seres humanos e de baixo custo.
Devido às semelhanças na composição química e metabolismo entre os seres humanos e microrganismos, é difícil alcançar este ideal. Entretanto, a toxidade seletiva (a toxidade seletiva para alguns microrganismos mas não para as células humanas) é de suma importância para os antissépticos.
O grau de seletividade para os agentes antissépticos pode variar, dependendo dos tecidos com os quais entram em contato. Um antisséptico destinado para a lavagem das mãos pode ser menos seletivo do que um antisséptico utilizado como colutório oral, visto que o epitélio altamente queratinizado da pele proporciona maior grau de proteção contra antisséptico do que o epitélio oral.
Os antissépticos podem ser usados como complementação após a higiene com sabão comum. A escolha de um anti-séptico é baseado na análise dos seguintes aspectos:
ü  Modo de ação
ü  Espectro de ação
ü  Rapidez de ação
ü  Persistência
ü  Segurança e toxicidade
ü  Inativação por matéria orgânica
ü  Disponibilidade do produto

Tipos de antissépticos

Álcool(60% A 90%): etílico, n-propílico, isopropílico
Os alcoóis foram utilizados durante muitos anos como agentes antimicrobianos e como transportadores para outros antimicrobianos insolúveis em água. Devido a seu baixo custo, evaporação rápida e ausência de resíduo, mostram-se úteis para a desinfecção de objetos inanimados. Características: desnaturação das proteínas; ação contra Gram positivos, gram negativos, bacilo da tuberculose, fungos, vírus (HBV,HIV,RSV), não esporicida; mínima toxicidade; ação rápida, mas sem açào residual; atividade varia de 15 segundos para alguns gram negativos gradativamente a 1 minuto, 3minutos, 4minutos, 7 minutos conforme resistência dos microorganismos; inativado por matéria orgânica, embora não inativado por quantidade mínima de sangue; causa ressecamento da pele; com glicerina a 2% parece minimizar o problema do ressecamento da pele.

Gluconato de clorexidina (0,5% c/álcool; 2%; 4%)
A clorexidina foi aprovada para o uso em escovas cirúrgicas em meados de 70, e como colutório a 0,12%, no final da década de 80. Para lavagem cirúrgica, as soluções de clorexidina a 4% são de ação rápida. A clorexidina é altamente eficaz contra os microrganismos Gram-positivos, enquanto exibe menor eficácia contra os microrganismos Gram-negativos e mostra-se ineficaz contra os bacilos da tuberculose, esporos e numerosos vírus. A natureza catiônica da clorexidina permite a sua ligação a tecidos duros e moles na cavidade bucal; a seguir, é liberada com o decorrer do tempo, porduzindo um efeito bacteriostático contínuo. Os principais efeitos colaterais consistem na pigmentação dos dentes, aumento da formação de cálculos e alteração do paladar. Causa ruptura da membrana provocando precipitação do conteúdo celular; ação eficaz contra Gram positivos, menos eficaz contra gram negativos, e ineficaz contra bacilo da tuberculose, fungos, vírus (HBV,HIV,CMV,INFLUENZA); possui ação residual de 6 horas; possui toxicidade por contato direto com ouvidos e olhos de recém nascidos; raramente são relatados sintomas respiratórios; é pouco irritante da pele, sendo que esporadicamente algumas pessoas podem apresentar suscetibilidade; tempo de ação de 15 segundos, com boa redução de microorganismos mais frequentemente encontrados nas mãos; aumenta o espectro com o aumento da exposição.

Iodo e iodóforos (0,05%... 10%; 2%)
Os halogênios e as substância liberadoras de halogênios constituem alguns dos mais eficazes agentes microbianos utilizados para a desinfecção e antissepsia. Seu principal modo de ação parece depender da reação covalente do halogênio com sistemas enzimáticos-chaves. Age por penetração e oxidaçào da parede celular. À medida em que aumenta a solubilidade, aumenta o iodo livre disponível. O iodo livre é o responsável pela ligação com os microorganismos. Espectro de ação: Gram positivos, Gram negativos, fungos, vírus, bacilo da tuberculose, esporos. Desvantagens: irritação, alergia e absorção pelo organismo. Possui ação residual, mas inferior à da clorohexidina. Inativado por matéria orgânica.
Triclosan (0,3%;1%;2%)
  ü  Ruptura da parede celular.
  ü  Ação contra Gram positivos e Gram negativos, fungos, ação muito limitada contra vírus
  ü  Absorvido, mas não mutagênico e não alergênico
  ü  Rapidez intermediária, possui ação residua
  ü  Pouco inativado por matéria orgânica

Para-cloro-meta-xylenol
  ü  Ruptura da parede celular por inativação enzimática.
  ü  Ação contra Gram positivas e Gram negativa, razoável para fungos e vírus
  ü  Pouco irritante
  ü  Rapidez intermediária
  ü  Antisséptico inferior a clorohexidina e PVPI
  ü  Pouco afetado por matéria orgânica
Para a preparação de uma solução antisséptica para aftas, estomatites e faringites são necessárias as seguintes matérias-primas:
ü  Mentol – agente flavorizante, evidenciador do odor e terapêutico. 0 mentol atua como dessensibilizante do paladar, empregado muitas vezes para o mascaramento do sabor amargo de determinadas substâncias.
ü  Iodo – agente antimicrobiano
ü  Iodeto de potássio – estabilizante
ü  Água destilada – é usada como veículo
ü  Glicerina – em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada por suas propriedades umectantes e emolientes. Em formulações parenterais (injetáveis) é principalmente utilizada como solvente. Em formulações de uso oral a glicerina é utilizada como agente edulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade.

Solução otológica: As preparações otológicas podem ser líquidas, pastosas (pomadas) e pós:‎ soluções e suspensões óticas: são formas líquidas destinadas à instilação no conduto ‎auditivo.‎ Pomadas óticas: são preparações semi-sólidas aplicadas no exterior do ouvido.‎ Pós de uso ótico ou insuflações: são preparações preparadas com pó ou mistura de ‎pós divididos que são administrados no conduto auditivo.‎
            Normalmente são aplicadas no meato externo em forma de gotas para remoção do cerúmen (combinação das secreções das glêndulas sudoríparas e sebáceas do meato acústico externo. Quando ressecadas, formam uma massa pegajosa que abriga células epiteliais, pelo, poeira, etc.) para tratamento de infecções, inflamações ou dores otológicas.
Os fármacos com atividade antiinfecciosa de uso tópico na orelha incluem cloranfenicol sulfato de colistina, neomicina, sulfato de polimixina B e nistatina. Pode-se utilizar também fármacos analgésicos como antipitina e anestésicos locais como lindocaína, benzocaína, dibucaína. Além de antiinflamatórios como alguns corticosteróides (hidrocortisona, dexametasona).
Características de preparações otológicas:‎ produtos semi-estéreis: veículo viscoso, para aderir às paredes do conduto auditivo, como a glicerina, ‎propilenoglicol, polietilenoglicol de baixo peso molecular (ex. PEG 300, PEG 400), ‎óleos (ex. óleo mineral). Água e álcool (etílico e isopropílico) podem também serem ‎usados como veículos. Em pomadas óticas, a vaselina, o gel de petrolato/polietileno ‎‎(Unigel®) são normalmente empregados como excipientes. Para insuflações emprega-‎se como excipiente o talco, a lactose ou o ácido bórico.
O pH normal do conduto auditivo está geralmente compreendido entre pH 6 a 7,8. ‎Portanto, é menos ácido que o pH geral da pele (pH 5,3-5,8), o que pode favorecer a ‎colonização bacteriana e o desenvolvimento de otites. Portanto, ‎preparações otológicas devem apresentar preferencialmente pH ácido, ‎os microrganismos proliferam mais facilmente em meio alcalino.
Para a preparação de uma solução para descamação epidérmica do conduto auditivo são necessárias as seguintes matérias-primas:
ü Ácido salicílico – princípio ativo que possui ação analgésica, antipirética, antiinflamatória e anti-reumática
ü Álcool etílico – é usado como veículo
ü Glicerina – em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada por suas propriedades umectantes e emolientes. Em formulações parenterais (injetáveis) é principalmente utilizada como solvente. Em formulações de uso oral a glicerina é utilizada como agente edulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade.

Colutório: são preparações magistrais destinadas a serem depostas na mucosa bucal ou orofaríngea. São soluções viscosas devido à presença de mel ou glicerina. As substâncias ativas empregues são antissépticos.
Se gostaria de acrescentar um colutório ou elixir à sua rotina de higiene oral, é importante conhecer os efeitos destes produtos. Alguns deles refrescam o hálito, outros desempenham um papel de combate contra a cárie, graças ao flúor, enquanto que outros ainda contêm ingredientes antibacterianos que ajudam a evitar a acumulação da placa dentária.
Tem muitas opções à sua escolha e o melhor colutório para si é aquele que melhor se adapta às suas necessidades em matéria de higiene oral para a saúde dos seus dentes e gengivas. A preferência em termos de sabor também desempenha um papel importante na decisão do colutório a usar.
Para o ajudar a decidir qual o colutório ou elixir que lhe convém, tome em consideração os pontos seguintes:
ü  Álcool—sim ou não? O álcool é um componente de numerosos colutórios, o que pode ser problemático se engolir deliberadamente uma grande quantidade de produto. Se pretende adquirir um tipo de colutório para toda a família, e se tem filhos em idade escolar ou adolescentes em casa, existem diversos produtos de bochecho dentário sem álcool à sua escolha. Também os ex-alcoólicos evitam colutórios com álcool, devido ao risco potencial que apresentam.
ü  Sensibilidade. Algumas pessoas consideram os ingredientes presentes nos colutórios irritantes, em especial as pessoas com gengivas sensíveis. De igual forma, as pessoas que normalmente não sofrem de gengivas sensíveis podem achar que a sua boca fica mais sensibilizada durante um curto espaço de tempo se estiverem a recuperar de uma intervenção dentária. Se tem uma boca sensível, utilize antes um colutório natural ou sem álcool. Os colutórios sem álcool contêm frequentemente ingredientes como o aloé-vera e a camomila que possuem um efeito calmante.
Controlo da placa bacteriana. Se pretende um colutório que lhe permita controlar o mau hálito e evitar igualmente a acumulação da placa bacteriana, escolha um que contenha ingredientes que eliminam a placa bacteriana.


Para preparar as soluções iremos usar:

Solução para descamação epidérmica do conduto auditivo

ácido salicílico .......................... 5%
álcool etílico ............................. 10ml
glicerina .................................... 10ml


Antisséptico para aftas, estomatites e faringites

mentol ............................. 0,5%
iodo ................................. 2,5%
iodeto de potássio ........... 5%
água destilada .................. 6ml
glicerina .............. q.s.p.* .... 40ml


Colutório com mentol

timol ..................................... 0,15%
salicilato de metila ................. 0,05%
mentol ..................................... 0,01%
eucaliptol ................................. 0,05%
glicerina .................................... 2%
álcool etílico .............................. 40ml

água destilada .............. q.s.p.* ... 100ml

    * q.s.p. = quantidade suficiente para

Mas, afinal, para que serve cada um destes produtos?

ü  Timol – poderoso antisséptico com atividade antimicrobiana
ü  Salicilato de metila – flavorizante, utilizado para mascaramento, cuja intensidade é mais forte e prolongada do que o sabor objetável. É um analgésico local, agente flavorizante (em pequenas concentrações). A ingestão aceitável é de 500mcg/kg/dia. Utilizado em pastilha e na flavorização de óleos (ex.: óleo de fígado de bacalhau).
ü  Mentol – agente flavorizante, evidenciador do odor e terapêutico. 0 mentol atua como dessensibilizante do paladar, empregado muitas vezes para o mascaramento do sabor amargo de determinadas substâncias.
ü  Eucaliptol – possui atividade antimicrobiana acentuada, além de ser um agente flavorizante e expectorante
ü  Glicerina – em formulações tópicas e cosméticas, a glicerina é utilizada por suas propriedades umectantes e emolientes. Em formulações parenterais (injetáveis) é principalmente utilizada como solvente. Em formulações de uso oral a glicerina é utilizada como agente edulcorante, antimicrobiano e doador de viscosidade.
ü  Álcool – segundo solvente mais utilizado, diminui a possibilidade de hidrólise, tem conservação indefinida e pode ser misturado com água. É usado em soluções hidroalcoólicas extrativas de princípios ativos (de 45 a 90%), em soluções anti-sépticas (ex.: álcool iodado) e em soluções desinfetantes (70%). Constitui um bom solvente para essências, alcalóides e glicosídeos, sendo porém, fraco para gomas e proteínas. Soluções tópicas de etanol são usadas como facilitadoras da penetração cutânea.
ü  Água destilada – é usada como veículo

Solução para descamação epidérmica do conduto auditivo

Começamos calculando quanto ácido salicílico iremos usar para preparar a solução (20ml de solução).
20ml  –   100%
x      –     5%
x = 1g
      Pesamos 1g de ácido salicílico em um cálice e solubilizamos o ácido em um pouco de álcool etílico. Depois de solubilizado o ácido, completamos as 10ml de álcool etílico no cálice e solubilizamos. Pegamos esse cálice e adicionamos 10ml de glicerina. Homogeneizamos. A nossa solução ficou translúcida. Depois disso a solução estava pronta.

Antisséptico para aftas, estomatites e faringites

Começamos calculando quanto mentol, iodo e iodeto de potássio iremos usar para preparar a solução (40ml de solução).
Mentol à
40ml  –   100%
x       –   0,5%
x = 0,2g

Iodo à
40ml  –   100%
x       –   2,5%
x = 1g

Iodeto de potássio à
40ml  –   100%
x      –     5%
x = 2g


Pesamos 1g de iodo em um vidro relógio e maceramos com o pistilo no gral de vidro. Pesamos 0,2g de mentol em um vidro de relógio e maceramos com o iodo no gral. Depois pesamos 2g de iodeto de potássio e homogeneizamos com o iodo no gral. Com a ajuda de um bastão de plástico, colocamos o iodo + mentol homogeneizado no iodeto de potássio em um cálice.
Colocamos 6ml de água destilada no cálice e homogeneizamos. Depois de bem homogeneizada a solução, completamos as 40ml com glicerina e homogeneizamos bem. A solução ficou pronta e com coloração marrom (igual ao lugol), cor característica das preparações contendo iodo.

Colutório com mentol

Nessa formulação não precisamos calcular quanto de cada matéria-prima precisamos pesar porque o q.s.p. é para 100ml, então a porcentagem descrita acima é o valor de gramas que devemos pesar. Então devemos pesar:
ü  timol: 0,15g
ü  salicilato de metila: 0,05g
ü  mentol: 0,01g
ü  eucaliptol: 0,05g
ü  glicerina: 2g
Depois de todas as matérias-primas pesadas, colocamos o mentol e o timol em um cálice e solubilizamos as duas matérias nas 40ml álcool. Depois de solubilizado o mentol e o timol, incorporamos o salicilato de metila, o eucaliptol e a glicerina. Homogeneizamos bem. Completamos 100ml com água destilada e homogeneizamos. Depois disso acabamos. A nossa solução se apresentou translúcida.

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