domingo, 8 de fevereiro de 2015

Fórmulas Magistrais #1 - Creme Condicionador de Cabelos

     Quando fiz faculdade de farmácia, tinha uma aula que se chamava "Farmacotécnica". Essa aula visava o ensino de práticas farmacêuticas necessárias para farmácia de manipulação (magistral). Era uma aula que, no meu ver, ensinava muitas coisas interessantes, principalmente para os profissionais que gostariam de seguir na área.
     Relembrando os momentos de faculdade, encontrei meu antigos relatórios desta matéria, que contêm fórmulas de diversos produtos (o professor passava as fórmulas e explicava como fazê-las), então resolvi criar uma série com informações, retiradas dos meu antigos relatórios, referentes às formulações magistrais que aprendi. Todas as imagens que serão usadas durante esta série de postagens foram retiradas do Google Imagens. Espero que vocês gostem!

     IMPORTANTE: não tentem fazer isso em casa! Todas as fórmulas que serão descritas nessa série de postagens são para fabricação por profissionais da área. Fizemos as mesmas na faculdade sob supervisão de um professor.

Creme condicionador de cabelos


Os cosméticos pós-xampus permitem tratar as imperfeições e efetuar o desembaraçamento mais fácil, diminuindo as “escamas” da superfície do cabelo.
Após a lavagem, os cabelos ficam difíceis de pentear e, depois de secos, ficam armados ou elétricos. Para eliminar este inconveniente, utiliza-se o condicionador que neutraliza as cargas negativas deixadas pela lavagem, eliminando a estática, promovendo a lubrificação e amaciamento dos fios, melhorando a penteabilidade. A maioria dos condicionadores são do tipo rinse off, isto é, removidos do cabelo após um breve período de contato, geralmente dois minutos. Outro tipo de condicionador denomina-se leave-on ou leave-in, designado para permanecer mais tempo em contato com os cabelos, gerando maior efeito condicionante.
Os tensoativos que exercem estas funções pertencem ao grupo dos catiônicos. Podem ser divididos em grupos funcionais:
ü  Tradicionais: destinados simplesmente à lavagem dos cabelos, compostos de sal de amônio quaternário e espessante graxo que age ao mesmo tempo como agente de lubrificação (rinses/ cremes rinses).
ü  Tratamento: produtos mais elaborados que os rinses; contêm substâncias que proporcionam um tratamento cosmético.
ü  Medicinais: são mais específicos porque incorporam diferentes princípios ativos.
ü  Restauradores ou Reparadores: preparações enxaguatórias com a capacidade de restaurar ou reparar os danos sofridos pelos cabelos pelo uso de tratamentos químicos ou de secadores.
ü  Máscaras capilares: preparações enxaguatórias com capacidade de restaurar ou reparar os danos nos cabelos em maior intensidade que os restauradores.
Algumas características e funções:
ü pH ácido: confere brilho aos cabelos pelo fechamento das cutículas
ü quantidade e tipo de espuma: ao contrário dos xampus, a espuma nos condicionadores não é desejável, pois é interpretada como sinal de que o cabelo ainda apresenta xampu. O álcool graxo presente nas formulações tradicionais de rinse, condicionadores, restauradores, age como antiespumante. Não é o caso, porém dos condicionadores transparentes.
Um dos principais componentes presentes nos condicionadores são as proteínas. Elas têm o objetivo de reduzir o impacto de fatores externos (como poluição, vento, sol, piscina, alisamentos, uso contínuo de secadores e pranchas, e qualquer outra fonte de calor excessiva que pode danificar e fragilizar os fios, prejudicando a saúde dos cabelos). O uso de condicionador auxilia na proteção capilar contra esses vilões.


     Para preparar um condicionador iremos usar:


álcool cetoestearílico .................................... 3,5%
cloreto de cetil trimetil amônio (25%) ........... 4%
cocoamidopropil betaína ............................... 1%
óleo mineral .................................................... 0,5%
metilparabeno .................................................. 0,15%
propilparabeno ................................................. 0,05%
essência ........................................................ q.s.*
corante ............................................................ q.s.*
ácido cítrico ..................................................... q.s.*
água destilada ........................... q.s.p** ............ 100g

     * q.s. = quantidade suficiente
     ** q.s.p. = quantidade suficiente para

     Mas, afinal, para que serve cada um destes produtos?

ü  Álcool cetoestearílico – agente emulsionante não iônico que facilita a mistura de óleos e água. É empregado na maioria dos cosméticos cremosos ou em forma de géis
ü  Cloreto de cetil trimetil amônio – agente antiestático, retira a carga elétrica excessiva do cabelo, conferindo ao mesmo maciez e penteabilidade
ü  Cocoamidopropil betaína – agente tensoativo, proporciona a remoção de sujeiras dos cabelos e também mantém o nível de espumas ideal durante a lavagem
ü Óleo mineral – é utilizado principalmente como excipiente em formulações tópicas, onde exerce ação emoliente, mas também serve como solvente
ü  Metilparabeno – conservante antifúngico
ü  Propilparabeno – conservante anti-fúngico usado em preparações líquidas e semi-sólidas (cremes, pomadas, etc) para prevenir o crescimento fúngico. A efetividade dos parabenos é normalmente aumentada quando eles são utilizados em combinação
ü  Água destilada – usada como veículo
ü  Ácido cítrico – substância usada como eflorescente, antioxidante sinergista ou acidulante (agente acidificante)
ü  Corante – usado para dar cor às preparações farmacêuticas
ü  Essência – composição aromática

Nessa formulação não precisamos calcular quanto de cada matéria-prima precisamos pesar porque o q.s.p. é para 100g, então a porcentagem descrita acima é o valor de gramas que devemos pesar. Então devemos pesar:
ü  Álcool cetoestearílico à 3,5g
ü  Cloreto de cetil trimetil amônio (25%) à 4g
ü  Cocoamidopropil betaína à 1g
ü  Óleo mineral à 0,5g
ü  Metilparabeno à 0,15g
ü  Propilparabeno à 0,05g
Somamos os valores de todas as matérias-primas e subtraímos pelo q.s.p. para saber quanta água destilada usar.
Matéria-prima à 9,2g
  
q.s.p. à 100,0g -
matéria à     9,2g =

água à       90,8g

Depois de todas as matérias-primas pesadas, colocamos a água em um béquer. Em outro béquer colocamos o álcool cetoestearílico, o cloreto de cetil trimetil amônio (25%), a cocoamidopropil betaína, o óleo mineral, o metilparabeno e o propilparabeno. Levamos ambos os béqueres para aquecimento em banho-maria. Quando os dois atingiram 80°C, vertemos a fase aquosa na fase oleosa. Homogeneizamos até a emulsão chegar a aproximadamente 30°C.
Adicionamos ácido cítrico até obtermos pH = 6,0. Por último adicionamos a essência (se quiser, adicionar corante também) e homogeneizamos.

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