domingo, 8 de fevereiro de 2015

Fórmulas Magistrais #2 - Sabonete Líquido Íntimo

     Na segunda publicação da série sobre fórmulas magistrais vamos falar sobre um aliado feminino: o sabonete íntimo. Boa leitura!

     IMPORTANTE: não tentem fazer isso em casa! Todas as fórmulas que serão descritas nessa série de postagens são para fabricação por profissionais da área. Fizemos as mesmas na faculdade sob supervisão de um professor.

Sabonete líquido íntimo

Sabonetes íntimos são similares a sabonetes neutros. Eles vêm sendo procurados cada vez mais pelas mulheres do mundo inteiro, pois já fazem parte da higiene pessoal e íntima diária. Mas, por mais que ele venha conquistando muitas adeptas, há diversas dúvidas relacionadas ao seu uso (Poderia ser usado durante a menstruação? Com qual frequência ele poderia ser usado? Qual a principal diferença entre sabonete íntimo e os normais?).
O sabonete íntimo protege mais que os comuns por possuir uma composição mais neutra, conseguindo proteger a mucosa genital sem agredi-la e não interferindo no ambiente natural da região da vagina. Ele não elimina odores desagradáveis (geralmente relacionados a problemas genitais como, por exemplo, o corrimento). Fique atenta a mau cheiro e coceiras e procure um especialista para melhor orientá-la a eliminar esse problema.
É recomendado por possuir pH neutro, que não desequilibra o pH da vagina evitando corrimentos e até coceiras. O uso diário evita a proliferação de fungos e bactérias, os grandes vilões das infecções genitais. Pode ser utilizado até mesmo durante o período menstrual por não prejudicar a flora vaginal. O uso prolongado não causa corrimento porque não faz nenhuma alteração na área genital.
Jamais utilize sabonete antibactericida nas áreas genitais, pois eles só têm a capacidade de combater bactérias da pele. Se usados na área genital podem destruir as bactérias protetoras, aumentando o risco de irritação.
A diferença entre os sabonetes íntimos e os comuns está no pH: sabonetes comuns tendem para o pH básico ou neutro (entre 9 e 10) enquanto sabonetes íntimos têm um pH ácido (entre 4 e 4,5) – resultado da composição com ácido láctico –, que mantém o pH vaginal ácido. Essa acidez mantêm vivos os microrganismos e lactobacilos dessa região, que protegem a mulher de possíveis infecções.
Segundo a médica ginecologista e membro do Conselho Editorial da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), Patrícia de Rossi, alguns ginecologistas defendem e até indicam o uso de sabonetes íntimos, outros abominam. “Os demais – entre os quais eu me encontro – imaginam que se não faz mal, tudo bem usar, mas com certo ceticismo sobre a sua real utilidade”, pondera.
A vagina não necessita de um sabonete especial, ao contrário da vulva, que depende de cuidados especiais. A higiene íntima deve ser feita uma vez ao dia, sempre da frente para trás. “Devem-se usar medidas corretas como a lavagem, após as evacuações, e, na impossibilidade da mesma, fazer a limpeza com lenços umedecidos. A mulher que não pratica a higiene íntima pode ter mais infecções urinárias, alergias, vaginites e pruridos. Vale lembrar que, nesta região, não se deve utilizar perfumes ou talcos”, afirma Angela Maggio Fonseca, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Obstetrícia e Ginecologia FMUSP.
A vulva está propensa a sofrer o ressecamento, o que pode desencadear uma coceira na região. “Para estas mulheres, estes sabonetes podem ajudar, pois possuem menos ação detergente que os comuns e ainda incluem composição hidratante. Embora eu não conheça nenhum estudo científico que comprove a sua eficácia em alguns pontos prometidos, se o produto traz o conforto à mulher – afastando esta coceira – ele pode ser usado sem problema”, avalia Rosana Simões, professora-doutora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Mas devemos ficar alerta: a região genital feminina é bem mais sensível a alérgenos e estes produtos não estão inteiramente livres de causar irritações, mesmo sendo formulados especificamente para uso local. “E mesmo com os sabonetes e loções indicados, deve-se orientar a mulher para que a limpeza seja realizada superficialmente. As lavagens devem ser feitas só externamente, para não alterar o pH vaginal”, enfatiza a professora Angela.


     Para preparar o sabonete íntimo iremos usar:


lauril éter sulfato de sódio .................... 28%
amida 90 .............................................. 3,5%
cocoamidopropil betaína ...................... 3%
ácido lático ................................ q.s. (pH 4,5 – 5,0)
phenonip ................................................ 0,5%
essência ............................................... q.s.*
corante .................................................. q.s.*
cloreto de sódio ..................................... q.s.*
mentol (opcional) ..................................... 0,5%
água destilada .................... q.s.p** .......... 100g

     * q.s. = quantidade suficiente
     ** q.s.p. = quantidade suficiente para

     Mas, afinal, para que serve cada um destes produtos?
  • Cocoamidopropil betaína – agente tensoativo, proporciona a remoção de sujeiras dos cabelos e também mantém o nível de espumas ideal durante a lavagem dos mesmos
  • Lauril éter sulfato de sódio – tensioativo aniônico, ótimo poder espumante, boa detergência, média irritabilidade aos olhos, baixa agressividade aos cabelos e boa reserva de viscosidade
  • Amida 90 – suas propriedades mais conhecidas e procuradas são a capacidade sobreengordurante e a melhora da viscosidade, porém ela também proporciona outros benefícios: aumenta o poder espumante, estabiliza a espuma, promove um certo condicionamento aos cabelos e também auxiliam a solubilizar fragrâncias, óleos essenciais e outros componentes oleosos que possam ser adicionados nessas formulações
  • Phenonip – conservante líquido de amplo espectro
  • Mentol – agente flavorizante, evidenciador do odor e terapêutico. 0 mentol atua como dessensibilizante do paladar, empregado muitas vezes para o mascaramento do sabor amargo de determinadas substâncias
  • Água destilada – usada como veículo
  • Ácido lático – agente condicionador da pele; agente tampão/ corretor do pH; umectante, acidificante
  • Cloreto de sódio – espessante, usado para aumentar a viscosidade 
  • Essência – composição aromática
  • Corante – usado para dar cor às preparações farmacêuticas
Nessa formulação não precisamos calcular quanto de cada matéria-prima precisamos pesar porque o q.s.p. é para 100g, então a porcentagem descrita acima é o valor de gramas que devemos pesar. Então devemos pesar:
ü  Lauril éter sulfato de sódio à 28g
ü  Amida 90 à 3,5g
ü  Cocoamidopropil betaína à 3g
ü  Phenonip à 0,5g
ü  Mentol à 0, 5g
Somamos os valores de todas as matérias-primas e subtraímos pelo q.s.p. para saber quanta água destilada usar.
Matéria-prima à 35,5g
q.s.p. à 100,0g -  matéria à 35,5g =

água à  64,5g

Depois de todas as matérias-primas pesadas, em um béquer adicionamos o laurel éter sulfato de sódio, a amida 90 e a cocoamidopropil betaína. Homogeneizamos os três em aproximadamente 50ml de água, lembrando sempre de não fazer movimentos bruscos para não fazer espuma. O pH estava correto, porém se necessário era só regular o pH com ácido lático.

Em outro recipiente solubilizamos o mentol em um pouco de álcool e adicionamos na emulsão. Adicionamos a quantidade de água restante e o phenonip (como não tinha phenonip, substituímos ele pelo conserv NE) e homogeneizamos. Por último adicionamos a essência (se quiser, adicionar corante também) e homogeneizamos.

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