A cromatografia é uma técnica quantitativa
com finalidade de identificação e separação-purificação de misturas. Usa
propriedades como solubilidade, tamanho e massa. O processo de separação de
mistura passa por duas fases: fase estacionária (fixa, com material poroso como
filtro) e fase móvel (com um líquido ou um gás), sendo que os constituintes da
mistura interagem com as fases fazendo a separação (a mistura pode ser separada
em várias partes ou ser purificada).
Foi originada a partir do termo grego chroma (cor) + graphein (escrever). Começou a ter maior importância em 1903, com o
botânico Mikhail Semenovich Tswett, nascido em Asti (Itália), com família de
origem russa. Mikhail desenvolveu diversos trabalhos na separação de extratos
de plantas durante suas pesquisas sobre a clorofila, onde foi verificada a
formação de bandas de cores diferentes nas colunas utilizadas, e mais tarde foi
considerado a pai da cromatografia.
Apesar deste estudo, a técnica foi ignorada
até ser redescoberta na década de 30. A partir daí, trabalhos na área e os
avanços tecnológicos possibilitaram o aperfeiçoamento da técnica, levando-a a
um elevado grau de sofisticação.
Essa técnica tem inúmeras aplicações, como a
separação de componentes relativamente voláteis (álcoois, cetonas, aldeídos e
outros), além da purificação de produtos farmacêuticos, proteínas, aminoácidos,
ácidos nucleicos, vitaminas e esteróides.
Há várias maneiras de se medir a área de um
pico cromatográfico, dentre elas estão as técnicas manuais (ocorre a coleta do
cromato por um registrador analógico, onde a área dos picos é medida
manualmente, usando-se o procedimento baseado na suposição do pico
cromatográfico se assemelhar a um triângulo isóscele), integradores eletrônicos
(dispositivos baseados em microprocessadores que, ao coletar o sinal
cromatográfico, o digitalizam, detectam a presença de picos e calculam sua
área, costumando ser muito mais precisos e rápidos do que qualquer método
manual) e computadores (pode ser usado no lugar do integrador, desde que este
contenha um dispositivo para converter o sinal elétrico em números que possam
ser armazenados em memória, além da necessidade de disposição de programas para
fazer análise do cromato digitalizado).
As fases móvel e estacionária são
caracterizadas da seguinte forma: fase
estacionária (fase fixa, onde a substância se fica na superfície de outro
material) e fase móvel (fase onde as
substâncias são “arrastadas” por um solvente fluido, podendo ser líquido ou
gasoso).
A fase móvel apresenta três tipos de
cromatografia: a cromatografia gasosa (CG), a cromatografia líquida e a
cromatografia supercrítica (CSC, onde é usado um vapor pressurizado, acima de
sua temperatura crítica). A cromatografia líquida ainda é subdividida em:
cromatografia líquida clássica (CLC, onde a fase móvel é arrastada através da
coluna apenas pela força da gravidade), cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE, onde se utilizam fases estacionárias de partículas menores,
sendo necessário o uso de uma bomba de alta pressão para eluição da fase móvel).
Nas fases móveis gasosas, as separações podem ser obtidas por cromatografia
gasosa (CG, onde são utilizadas colunas de maior diâmetro empacotadas com a
fase estacionária) e por cromatografia gasosa de alta resolução (CGAR, onde são
utilizadas colunas capilares nas quais a fase estacionária é um filme
depositado na mesma).
Já a fase estacionária, distingue-se entre
fases estacionárias sólidas, líquidas e quimicamente ligadas. Em casos de fases
estacionárias líquidas, este pode estar simplesmente adsorvido sobre um suporte
sólido ou imobilizado sobre ele, enquanto em fases quimicamente ligadas,
suportes modificados são considerados separadamente por diferirem dos outros em
seu mecanismo de separação.
Os constituintes básicos de um sistema
cromatográfico são: reservatório de gás de arraste e controles de
vazão/pressão, sistema de introdução de amostra (injetor/vaporizador), coluna
cromatográfica e controle de temperatura da coluna (forno da coluna), detector,
eletrônica de tratamento (amplificação) de sinal e registro de sinal
(registrador ou computador).
No reservatório,
o gás de arraste (os mais usados são H2, He e N2) fica contido em cilindros sob
pressão e com vazão constante, dessa forma o gás não depende da amostra a ser
separada, além disto, seu parâmetro mais importante é sua compatibilidade com o
detector. A introdução da amostra é feita no injetor, que é um bloco de metal com um orifício contendo um septo,
de borracha ou silicone, onde amostras líquidas ou gasosas podem ser injetadas;
o mesmo deve estar aquecido a uma temperatura acima do ponto de ebulição dos
componentes da amostra (temperaturas excessivamente altas podem decompor a
amostra), para que haja volatilização da amostra e a mesma seja carregada para
a coluna. Depois de injetada, a amostra é colocada na coluna cromatográfica, onde é feita a separação. A afinidade de um
soluto é determinada pela volatilidade do soluto, pressão do vapor e temperatura.
O detector quantifica e indica o que
sai da coluna. A eletrônica de
tratamentos purifica os ruídos para melhor análise, enquanto o registro de sinal analisa e avalia os
dados obtidos no processo.
Cromatógrafo
Fonte: site “PG HST”
A cromatografia gasosa (CG) é usada para
fins analíticos e permite a separação de substâncias voláteis arrastadas por um
gás através de uma fase estacionária, sólida ou líquida, que propicia a
distribuição dos componentes da mistura entre as duas fases através de
processos fisioquímicos. Na fase móvel é usado o gás de arraste (dentre os mais
usados estão o hidrogênio, azoto, hélio e árgon), que transporta a amostra
através da coluna cromatográfica até o detector. A diferença entra a CG e a cromatografia gasosa de alta resolução
(CGAR) é a coluna, pois enquanto na CGAR são utilizadas colunas capilares, nas
quais a fase estacionária é um filme depositado na mesma, a CG utiliza colunas
de maior diâmetro empacotadas com a fase estacionária.
Cromatografia gasosa
Fonte: site “Linde Gases Ltda.”
Dentre as aplicações em análises,
existem duas que dão base a todos os tipos de análises: a realização de
separações, que possui excelente aplicação em sistemas bioquímicos, complexos
organometálicos ou orgânicos, com espécies voláteis ou que possam reagir
formando produtos voláteis. A segunda aplicação é a função de proporcionar os
meios para que seja realizada uma análise completa.
A cromatografia líquida clássica (CLC) é
uma técnica muito usada para isolamento de produtos naturais e purificação de
reações químicas. As fases estacionárias mais utilizadas são sílica e aluminia
(fases estacionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases líquidas
por partição, suportes quimicamente modificados têm sido usados no processo de
separação misto). A principal etapa nessa técnica é o empacotamento, que
definirá a eficiência da separação (a alumina é empacotada em sua forma original,
enquanto a sílica é empacotada na forma de suspensão). Adiciona-se uma pequena
quantidade de solvente à coluna e deposita-se na sua extremidade inferior um
chumaço de algodão para impedir a passagem de partículas da fase estacionária,
adiciona-se a sílica com a torneira semi-aberta, o adsorvente é adicionado aos
poucos à coluna fixada na posição vertical batendo-se continuamente ao longo da
mesma para que todo ar seja expulso evitando a formação de canais na coluna que
alargam as bandas eluídas.
Cromatografia líquida
Fonte: site “QNInt – Química Nova Interativa”
Já a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) ou HPCL (High
Performance Liquid Chromatography), é uma técnica que em menos de trinta anos
passou a ser um dos métodos mais utilizados, tanto para fins qualitativos
quanto para fins quantitativos. É muito aplicada à separação de solutos de
diferentes polaridade, massas molares e funcionalidades químicas. Essa técnica
possui adaptabilidade para determinações quantitativas, com boa sensibilidade,
possibilidade de separação de espécies não voláteis e termicamente instáveis;
além disso, possui aplicação em determinações ambientais e em muitos outros
campos da ciência. Dentro desta técnica, 90% dos laboratórios usam pelo menos
um método que aplica a modalidade de CLAE em fase reversa (CLAE-FR), que possui
uma fase estacionária de menor polaridade e uma fase móvel de maior polaridade,
enquanto a fase normal tem as polaridades invertidas. Estas fase apresentam
vantagens como o uso de fases móveis menos tóxicas e de menor custo, fases
estacionárias estáveis de muitos tipos diferentes, rápido equilíbrio da coluna
após a mudança da fase móvel, facilidade de empregar eluição por gradiente, maior
rapidez em análises e boa reprodutibilidade dos tempos de retenção.
As fases móveis utilizadas em CLAE
devem possuir alto grau de pureza e estar livres de oxigênio ou outros gases
dissolvidos, sendo filtradas e desgaseificadas antes do uso. A bomba deve
proporcionar ao sistema vazão contínua sem pulsos com alta reprodutibilidade,
as válvulas de injeção usadas possuem uma alça de amostragem para introdução da
amostra. As colunas utilizadas são geralmente de aço inoxidável e o detector mais
utilizado é o ultravioleta. O registro de dados pode ser feito através de um
registrador, um integrador ou um microcomputador.
Apesar do grande poder de
solubilização dos fluidos supercríticos, o uso da cromatografia supercrítica (CSC) em química somente se verificou no
final do século XX. Estes fluidos ainda têm sido extremamente modestos no
Brasil, o que não é justificado se considerarmos o enorme potencial de
aplicação dos mesmos em várias técnicas, destacando-se a cromatografia com fluido supercrítico (SFC – Supercritical Fluid
Chromatography) e a extração com fluido
supercrítico (SFE – Supercritical Fluid Extraction). Fluido supercrítico é
toda substância que se encontrar em condições de pressão e temperatura
superiores aos seus parâmetros críticos. Suas propriedades físico-químicas são
intermediárias àquelas dos gases ou dos líquidos, se aproximando às melhores
características de cada um.
Sua fase móvel é um fluido e a
técnica é usada para utilizações específicas, apresentando vantagens na área
entre a cromatografia gasosa e a líquida, tornando possível, por exemplo, a
separação de substâncias não voláteis em colunas abertas. Utiliza-se como fase
móvel um vapor pressurizado, em temperatura e pressão acima de seu ponto
crítico, com as vantagens de ter viscosidade menor que um líquido, mas mantendo
as propriedades de interação com os solutos.
Na cromatografia de adsorção as separações
ocorrem através de interações eletrostáticas entre a fase estacionária e os
componentes a serem separados (fase móvel). O fracionamento por cromatografia de interação hidrofóbica em
coluna é essencialmente determinado por diferenças de polaridade dos
componentes na mistura. A cromatografia
de partição é baseada nas diferenças de solubilidade dos componentes na
fase estacionária e na fase móvel. Na cromatografia
de permuta iônica, a separação ocorre devido tendências dos componentes
iônicos ou ionizados permutarem com íons da fase móvel e o suporte pode ser
controlado por alteração do pH e da força iônica do eluente. A cromatografia de exclusão molecular
separa os componentes segundo o tamanho efetivo das moléculas (moléculas
grandes não penetram no interior do suporte) e movem-se mais rapidamente
através da coluna de onde emergem primeiro, enquanto as moléculas pequenas veem
sua velocidade de deslocamento retardada por penetrarem no gel, emergindo da
coluna mais tardiamente. Na cromatografia
de afinidade ocorre ligação molecular específica e reversível entre soluto
e ligante imobilizado na fase estacionária, sendo uma técnica utilizada
especificamente para separação de produtos biológicos, como ligações de enzimas
e substratos, anticorpos e substratos e receptores de hormônios.
A cromatografia em papel é uma técnica de
partição líquido-líquido, um deles fixado em suporte sólido imiscível (papel
filtro), sendo bastante usada na separação de compostos polares por ser um
método simples e de baixo custo. Nesta técnica, uma amostra líquida flui por
uma tira de papel adsorvente disposto verticalmente. Conforme o solvente flui
através do papel, uma partição deste composto ocorre entre a fase móvel
orgânica e a fase estacionária aquosa, fazendo com que parte do soluto deixe o
papel e entre na fase móvel. Com o fluxo contínuo de solvente, o efeito desta
partição entre as fases móvel e estacionária possibilita a transferência do
soluto do seu ponto de aplicação no papel, para um outro ponto localizado a
alguma distância do local de aplicação no sentido do fluxo de solvente.
Já a cromatografia
em camada delgada é uma técnica de separação líquido-sólido que se dá pelas
diferenças de afinidade entre os componentes. É aplicada principalmente no
acompanhamento de substâncias orgânicas, na purificação e substâncias e em sua
identificação, além de ser usada para o controle analítico de matérias-primas.
Depois que a amostra é aplicada sobre a placa, um solvente é permeado pela
placa, fazendo com que os diferentes componentes percorram a placa de maneiras
diferentes, permitindo a separação.
Quando a fase estacionária é mais
polar que a móvel, a cromatografia é denominada cromatografia de fase normal. Já na situação inversa (fase
estacionária apresenta menor polaridade que o solvente, a cromatografia recebe
o nome de cromatografia de fase reversa.
A técnica mais corrente é a cromatografia de eluição, onde o eluente flui
através da coluna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário