quinta-feira, 23 de abril de 2015

A História de Aladin e a Lâmpada Maravilhosa

Hoje eu quero compartilhar a história de Aladin e a lâmpada maravilhosa, extraída do livro As Mil e uma Noites: Contos Árabes (tradução Ferreira Gullar - 5. ed. - Rio de Janeiro: Revan, set. 2010. pag. 109-140).

A História de Aladin e a Lâmpada Maravilhosa

     Na capital de um reino da China, muito rico e muito vasto havia um alfaiate chamado Mustafá que, com sua profissão modesta, mal ganhava para o sustento da mulher e do filho.
     Esse filho, que se chamava Aladin, tinha sido muito mal educado e por isso se tornara teimoso e desobediente. Não parava em casa, passava os dias a brincar nas ruas e nas praças com moleques e vagabundos.
     Quando chegou a idade de aprender um ofício, seu pai tratou de ensinar-lhe sua própria profissão mas, nem com bons modos nem com castigo, conseguiu domar o espírito rebelde de Aladin. Assim que dava as costas, o menino escapava para a rua. Depois de muito adverti-lo e castigá-lo, Mustafá decidiu lavar as mãos e deixá-lo à própria sorte. Mas isso lhe causou tal sofrimento, que ele adoeceu e morreu amargurado, poucos meses depois.
     A mãe de Aladin, vendo que não podia contar com o filho, fechou a alfaiataria e vendeu os instrumentos de trabalho do marido, a fim de manter-se e a seu filho com a ajuda do que ganhava fiando algodão.
     Aladin então entregou-se à total vagabundagem. Assim continuou até os quinze anos de idade, quando, em meio a outros vagabundos, foi observado por um estrangeiro que passava pela praça; Tratava-se de um mágico africano, há apenas dois dias na cidade, e que procurou se informar acerca de Aladin, pois lhe parecia talhado para a missão que o trouxera até ali. Um dia o abordou:
     - Meu filho - disse o mágico, - teu pai não se chamava Mustafá?
     - Sim - respondeu Aladin, - mas ele já morreu há muito tempo.
     Ao ouvir isso, o homem abraçou emocionado Aladin, beijou-o repetidas vezes e, com lágrimas nos olhos, afirmou que Mustafá era seu irmão. Estivera vários anos fora, tendo voltado, na esperança de reencontrá-lo, e agora recebia a terrível notícia de sua morte. Perguntou ao rapaz onde encontraria sua mãe e, depois de ouvir a resposta, entregou-lhe um punhado de moedas.
     - Vai, meu filho - disse o mágico, - e diz a tua mãe que amanhã irei visitá-la.
     O homem se foi, e Aladin correu para casa. Ao chegar, perguntou à mãe se ele tinha um tio, ao que ela respondeu que não.
     - Nem por parte de teu pai, nem por parte de mim.
     - Mas acabo de conhecer um homem que se diz meu tio, por ser irmão de meu pai. Quando soube que papai morreu, começou a chorar e depois me deu um punhado de moedas. Ele vai vir aqui para conhecê-la e ver a casa onde meu pai viveu seus últimos dias.
     - Meu filho, é verdade que teu pai teve um irmão, mas faz muito tempo que esse irmão morreu e nunca soube que houvesse outro.
     No dia seguinte, o mágico africano abordou de novo Aladin e, pondo-lhe na mão duas moedas de ouro, disse-lhe:
     - Filho, leva isto a tua mãe e diz que prepare comida para cearmos juntos. Mas, antes, dize-me onde moras.
     Aladin deu-lhe o endereço e foi levar à mãe as duas moedas de ouro, com que ela fez as compras e passou o resto do dia a preparar a ceia. O mágico chegou trazendo garrafas de vinho e frutas. Saudou a mãe de Aladin e lamentou não ter voltado à terra a tempo de rever o irmão e abraçá-lo. Contou-lhe que há quarenta anos deixara o país, tendo viajado pela Índia, a Pérsia, a Arábia e a Síria, antes de fixar-se na África, onde permaneceu por muitos anos. Mas, durante todo esse tempo, jamais esquecera sua pátria e muito menos o irmão querido que infelizmente não existia mais.
     - Apesar de tudo - afirmou o mágico, - consola-me ver os traços dele no rosto do filho que ele deixou no mundo. Aliás, ainda não sei o teu nome.
     - Chamo-me Aladin - respondeu o rapaz.
     - Muito bem, Aladin! E que fazes, qual é a tua profissão?
     Diante dessa pergunta, Aladin abaixou os olhos, constrangido. A mãe tomou a palavra:
     - Aladin é preguiçoso. Meu marido fez o que pôde para ensinar-lhe sua profissão de alfaiate, mas nada conseguiu. E depois que ele morreu, apesar dos conselhos que lhe dou e que repito todos os dias, continua a perambular pelas ruas como um vagabundo. Ele sabe que seu pai não deixou nenhum bem e que me mato fiando algodão para sustentar a casa, mas não toma juízo. Qualquer dia destes, ponho-o na rua, tranco a porta e ele que vá buscar ajuda entre os moleques com quem passa os dias vagabundando - concluiu ela com os olhos cheios d'água.
     Então o mágico africano dirigiu-se a Aladin:
     - Não estás agindo bem, caro sobrinho. Precisa ajudar a ti mesmo e ganhar tua vida. Há muitas profissões para escolheres. Se a profissão de teu pai não te agrada, podes aprender uma outra. Estou te falando essas coisas com a intenção de ajudar-te.
     Como Aladin nada respondesse, ele continuou:
     - Se não tens vontade de aprender uma profissão, montarei para ti uma loja de tecidos, com artigos finos de alta qualidade, e te encarregarás das vendas. Assim poderás ganhar teu dinheiro honestamente. Que te parece? Não precisas dar a resposta agora. Pensa bem e depois me responde.
     Essa proposta agradou muito a Aladin, que não era afeito a trabalhos manuais. Uma loja de tecidos era um lugar agradável, bem frequentado, e quem trabalhava nesse ramo ganhava bem e era considerado. Por isso, disse ao mágico africano, seu suposto tio, que tinha mais pendor para trabalhar com tecidos do que para ocupações artesanais.
     - Se é assim - disse o mágico, - amanhã sairemos juntos e compraremos boas roupas para ti, a fim de que tenhas a aparência de um grande comerciante. Em seguida, trataremos de adquirir uma loja para trabalhares.
     A mãe de Aladin, que no começo não acreditara ser o mágico africano irmão do falecido  marido, agora, depois de ver que ele queria ajudar a seu filho, não duvidou mais. Agradeceu-lhe a generosidade e, depois de exortar Aladin a se mostrar digno das boas intenções do tio, serviu a ceia. Conversaram sobre o mesmo assunto durante a refeição e, tarde da noite, o mágico pediu licença para se retirar.
     Na manhã seguinte, conforme prometera, o mágico levou Aladin a uma grande loja de tecidos, pediu que escolhesse as roupas que mais lhe agradassem e as comprou. Quando se viu luxuosamente vestido dos pés à cabeça, Aladin agradeceu a seu benfeitor que, em seguida, o levou às lojas mais sofisticadas, frequentadas pelas pessoas mais ricas, e lhe disse:
     - Como em breve serás um comerciante igual a eles, é bom que os conheças.
     O passeio só terminou à noite, quando o mágico levou Aladin de volta à casa. A mãe, vendo-o tão ricamente trajado, mal teve palavras para agradecer ao mágico o que fizera por seu filho.
     - Aladin - disse o mágico, - és um bom menino e eu só lamento não poder cumprir amanhã com o que lhe havia prometido já que, por ser sexta-feira, o comércio estará fechado. De qualquer modo, virei para levá-lo aos jardins frequentados pelas pessoas da alta roda.
     No dia seguinte, o mágico africano veio ao encontro de Aladin e o conduziu a uma região fora da cidade onde ele nunca tinha ido. Após transporem uma grande porta, penetraram numa zona de grandes palácios rodeados de magníficos jardins. Aladin estava deslumbrado e se surpreendia com a beleza de cada nova coisa que via. Atravessaram esses jardins e muitos outros mais, até que Aladin se sentiu cansado. Então, sentaram-se na grama para descansar e fazer um lanche com as provisões que o mágico havia levado. Depois, voltaram a caminhar, para longe dos palácios. Aladin perguntou então para onde o levava, ao que o mágico respondeu que não se preocupasse, pois ia conhecer outro jardim que superava em beleza tudo o que vira até ali. Finalmente chegaram a uma região montanhosa, que era exatamente o lugar onde o falso tio desejava pôr em prática o plano que o fizera vir de um ponto extremo da África.
     - Já chegamos - disse ele a Aladin. - E aqui poderás ver coisas maravilhosas nunca vistas por nenhum mortal. Agora, junta algumas ervas secas para acendermos uma fogueira.
     Assim que as ervas começaram a queimar, o mágico derramou sobre elas gotas de um perfume que trazia consigo, fazendo subir da fogueira uma fumaça espessa, enquanto pronunciava palavras estranhas que Aladin não compreendia. Nesse momento, a terra estremeceu e se abriu diante dos dois, deixando ver uma pedra quadrada de mais ou menos 60 centímetros de lado e 30 centímetros de espessura, tendo ao centro uma argola de metal que servia para levantá-la. Aladin, assustado com o que acontecia, tentou fugir, mas foi detido pelo mágico, que o atingiu com um soco no rosto, tão forte que o derrubou. Aladin, chorando, falou:
     - Tio, que fiz eu para me baterdes deste modo?
     - Tenho minhas razões. Sou teu tio e faço as vezes de teu pai, de modo que tens de me obedecer. Mas, meu caro sobrinho, se fizeres exatamente o que mando serás muito bem recompensado.
     Essas palavras aliviaram um pouco o temor e o ressentimento de Aladin.
     - Viste o poder de meu perfume e das palavras que pronunciei. Quero que saibas que, sob esta pedra, há um tesouro que te é destinado, e um dia te tornarás mais rico do que o mais rico dos reis. Tanto isso é verdade que a única pessoa que tem permissão para tocar nessa pedra e erguê-la és tu. E só tu poderás entrar aí. Eu estou impedido de sequer tocar no tesouro. Por essa razão deves fazer sozinho tudo o que vou te ordenar, sem cometeres nenhum erro, porque isto teria graves consequências para nós dois.
     - Estou à vossa disposição - disse Aladin. - Estou pronto a obedecer-vos.
     - Muito bem, meu rapaz - regozijou-se o mágico, abraçando-o. - Vem cá, toma este anel e ergue a pedra.
     - Mas, tio - falou Aladin, - não tenho forças suficientes para erguê-la. Preciso que me ajudeis.
     - Nada disso - respondeu o mágico, - não precisas de minha ajuda. Deves erguer a pedra sozinho. Vais ver que será muito fácil.
     De fato, Aladin segurou a pedra e a ergueu com facilidade, e a depôs ao lado. viu-se então uma espécie de cova com alguns degraus para descer.
     - Filho - falou-lhe o mágico, - ouve bem o que vou te dizer: desce os degraus e, quando chegares embaixo, encontrarás uma porta aberta que te levará a um lugar amplo e coberto, dividido em três salas, uma em seguida da outra. Em cada uma delas, verás de um lado e do outro quatro vasos de bronze cheios de ouro e prata; mas evita tocá-los. Antes de entrar na primeira sala, ergue as vestes e as prende bem junto ao corpo; transposta a primeira sala, passarás pela segunda e terceira, sem te deteres. Não deves te aproximar das paredes nem tocar em nada, nem mesmo com a ponta de tuas vestes, porque, se isso ocorrer, terás morte imediata. Por essa razão, te disse para mantê-las junto ao corpo. Depois da terceira sala, há uma porta que dá para um jardim com árvores carregadas de frutos. Atravessa o jardim e chegarás a uma escadaria que conduz a um terraço, onde verás um nicho com uma lâmpada acesa. Então, pega a lâmpada, apaga-a, derrama o óleo que ela contém e a traze-a para mim.
     Em seguida, o mágico tirou do dedo um anel e o pôs no dedo de Aladin, dizendo-lhe que ele o protegeria de todo o mal que lhe acontecesse.
     - Agora vai - disse a Aladin. - Se agires conforme te ensinei, seremos ricos para o resto da vida.
     Aladin desceu os degraus da cova, atravessou as três salas sem tocar em nada, depois cruzou o jardim e finalmente alcanço o terraço onde estava a lâmpada. Apagou-a, tirou dela o pavio e o combustível, meteu-a sob as vestes e voltou. De novo no jardim, observou que os frutos eram de um colorido fascinante; é que os brancos eram na verdade pérolas; os transparentes e brilhantes eram diamantes; os verdes, esmeraldas; os azuis, turquesas; os amarelos, safiras; os violetas, ametistas, e assim por diante. Mas Aladin, inexperiente, pensou que fossem de vidro colorido. Mesmo assim, achando-os belos, encheu com eles as duas bolsas que trazia consigo e as amarrou na cintura. Desse modo, carregado, sem o saber, de tanta riqueza, atravessou de volta as três salas, com o mesmo cuidado de antes, chegando finalmente à entrada da cova. Ali disse ao mágico africano que o esperava:
     - Meu tio, dai-me a mão para que eu possa subir.
     Ao que o mágico respondeu:
     - Primeiro me entrega a lâmpada, para te facilitar a subida.
     - Não, tio, ela não me atrapalha. Eu a entregarei a vós depois que sair daqui.
     O mágico, no entanto, insistiu em que Aladin lhe entregasse a lâmpada antes, mas este não concordou. Foi aí que o mágico, irritado com a teimosia de Aladin, lançou um pouco de seu perfume no fogo ainda aceso, pronunciou duas palavras mágicas e a pedra que servia para fechar a entrada da cova voltou a seu lugar, deixando Aladin preso lá dentro.
     A verdade é que o mágico africano nunca foi irmão do alfaiate Mustafá, como dissera, para se passar por tio de Aladin. Viera realmente da África, onde nascera, tendo se dedicado desde a juventude à prática de encantamento e especialmente da geomancia, tendo assim descoberto a existência de uma lâmpada maravilhosa que tornaria, a quem a possuísse, mais poderoso do que qualquer monarca existente no mundo. Ainda com a ajuda da geomancia, descobriu que a lâmpada estava num local subterrâneo no centro da China. Por isso viajou até lá, a fim de se apropriar dela. Sucede que, pelas informações que obtivera, sabia que não lhe era permitido tirá-la do lugar onde estava. Era preciso que outra pessoa o fizesse e, por isso, recorrera a Aladin, que lhe pareceu um jovem inconsequente, de quem poderia se valer sem maiores problemas. Seu plano era, após ter a lâmpada nas mãos, deixar Aladin sepultado na cova. Foi o que terminou fazendo ao se enfurecer com a teimosia do rapaz. Frustrado em seu sonho de riqueza e poder, que a lâmpada lhe facultaria, voltou para a África, evitando passar pela cidade de Aladin, pois temia ser obrigado a explicar onde estava o rapaz que fora visto com ele.
     Aladin, ao se ver enterrado vivo, começou a gritar pelo tio, dizendo que estava disposto a lhe entregar a lâmpada, mas foi inútil. Como a cova era muito escura e sufocante, decidiu voltar para o jardim, onde pelo menos poderia ver a luz do sol e respirar. Mas a porta que dava para as salas também se havia trancado pelas palavras do mágico. Pensou que ia morrer e decidiu pedir a Deus que o ajudasse. Ergueu as mãos e começou a orar. Ao juntar as mãos, um de seus dedos roçou no anel que o mágico lhe havia dado. Logo um gênio enorme, de olhar assustador, surgiu diante dele e falou:
     - Que desejais? Aqui estou para vos obedecer como um escravo, pois escravo sou de quem tem no dedo este anel, eu e os demais escravos do anel.
     Aladin, que em outras circunstâncias poderia ficar assustado com a aparição do gênio, naquele momento só pensava em salvar sua vida, e falou:
     - Quem quer que sejas tu, me tira deste lugar, se é que tens poder para tanto.
     Mal terminou de falar, a terra se abriu e Aladin se viu fora da cova, exatamente no lugar onde estivera antes com o mágico africano. Ainda aturdido, esperou um momento até voltar ao estado normal e então tomou a direção da cidade. Ao chegar em casa, a primeira coisa que disse foi que estava morte de fome e que a mãe lhe desse alguma coisa para comer. Mas antes ela quis saber onde estivera aqueles três dias sem lhe dar notícia. Aladin então contou-lhe tudo o que sucedera, como descera numa cova misteriosa, atravessara salas e jardins, até encontrar a lâmpada que tinha ali consigo. Ela o ouvia quase sem acreditar e mais surpresa ficou quando Aladin lhe disse que o mágico o deixara enterrado vivo na cova porque teimara em não lhe entregar logo a lâmpada.
     Terminada a história, Aladin voltou a pedir que a mãe lhe desse comida, mas ela respondeu que não tinha um só pedaço de pão em casa.
     - Não importa - disse o rapaz. - Vou vender esta lâmpada e com o dinheiro que apurar compro comida para nós.
     - Mas ela está muito suja - observou a mãe. Deixa eu limpá-la, pois assim vais conseguir um preço bem melhor.
     De imediato, molhou um pouco de areia e com a ajuda de um pano começou a esfregar a lâmpada ali em presença do filho. Mal começou, logo se ergueu diante deles um gênio de enormes proporções e mal-encarado, que lhe falou:
     - Que desejais? Aqui estou pronto a obedecer-vos como vosso escravo e de todos aqueles que possuem a lâmpada, eu e os demais escravos dela.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page2.jpeg#filehistory

     Diante daquela figura gigantesca e assustadora, a mãe de Aladin caiu desmaiada. Aladin, que tinha visto aparição semelhante na cova onde estivera preso, tirou a lâmpada das mãos da mãe desmaiada e disse ao gênio:
     - Estou com fome, traz-me comida.
     O gênio desapareceu e, um instante depois, voltou trazendo uma bandeja de prata com doze pratos contendo deliciosas iguarias, além de pães, duas garrafas de vinho e taças de cristal. Pôs tudo sobre a mesa e desapareceu. A mãe então voltou a si e Aladin a convidou para comer.
     - Vamos comer antes que esfrie - disse ele, pois estava morto de fome.
     A mãe, surpresa com aquela quantidade de comida que aparecera ali de repente, perguntou a Aladin se fora o sultão que a havia mandado, com pena deles.
     - Depois da comida eu explico - disse Aladin, que começava a comer.
     A mãe achou a comida deliciosa e admirou a beleza das vasilhas e dos copos mas, quando soube que tudo aquilo fora trazido por um gênio e que este era escravo da lâmpada, ficou preocupada.
     - Não estou gostando disto - falou ela. - Antes te apareceu um gênio que era escravo desse anel que tens no dedo. Agora surge um gênio, que é escravo da lâmpada. Os gênios são como demônios, e nossa religião nos proíbe de ter entendimento com eles. Por isso, o melhor que fazemos é nos livrarmos dessa lâmpada e desse anel.
     - Mamãe - respondeu Aladin, - com vossa permissão me nego a vender esta lâmpada, que pode nos ser de grande utilidade. Não vedes o que ela acaba de nos possibilitar? Bom será que ela continue a nos alimentar e nos manter. Por que pensais que o falso tio veio de tão longe em busca dela? Quanto ao anel, tampouco pretendo me desfazer dele. Se estou vivo aqui, foi graças a ele. Melhor será trazê-lo sempre em meu dedo, pois não se sabe que perigos poderemos ter de enfrentar daqui para adiante. - A mãe concordou.
     No dia seguinte, como se acabara a comida que o gênio trouxera, Aladin vendeu a um comerciante um dos pratos de prata que vieram com a comida, e o mesmo fez com os outros nos dias subsequentes. Acabados os pratos, esfregou a lâmpada, o gênio apareceu, e Aladin pediu que trouxesse mais comida. Veio outro banquete, e novos pratos de prata que Aladin vendeu, depois que a comida acabou. E assim passou a viver, sem trabalhar, comendo do bom e do melhor, servido pelo gênio. Certo dia, andando pela cidade, ouviu quando um arauto do sultão avisou aos comerciantes que fechassem suas tendas e aos demais que se trancassem em suas casas, até que a princesa Badrulbudur, filha do sultão, passasse por ali em direção ao banho e depois voltasse de lá.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page4.jpeg#filehistory

     Aladin se escondeu e ficou espiando por uma fresta. Viu quando a princesa passou seguida de uma mutidão de serviçais e eunucos. Quando se aproximou do banho, tirou o véu, e Aladin pode ver-lhe o rosto. Como até aquele dia não tinha visto o rosto de nenhuma mulher a não ser o de sua mãe, ficou transtornado com tanta beleza.
     Ao voltar para casa, a mãe percebeu que alguma coisa o perturbava. Perguntou-lhe o que sucedera, e ele não lhe respondeu. Sentou-se à mesa e comeu em silêncio. Quando terminou, sua mãe voltou a interrogá-lo, mas ele, sem responder, foi dormir. Só no dia seguinte decidiu falar. Contou-lhe que havia visto a princesa Badrulbudur e que, desde aquele momento, sentia-se tomado de uma irrefreável paixão. Por isso, estava disposto a pedi-la em casamento ao sultão.
     Diante disso, a mãe, que o escutara com toda a atenção, não pôde conter o riso. Em seguida, falou-lhe:
     - Aladin, onde andas com a cabeça? Para dizer semelhante coisa, deves ter perdido o juízo.
     Ele lhe garantiu que não, que estava plenamente consciente do que dizia e que nada no mundo o impediria de pedir a mão da princesa.
     - E quando pensas fazer isso, se é que te atreverás a fazê-lo?
     - Vós fareis o pedido por mim, minha mãe!
     - Eu?! - espantou-se a mãe. - Queres que eu vá pedir isso ao sultão? Esqueces que és filho de um pobre alfaiate e de uma mãe sem nenhuma ascendência nobre? Ignoras que os sultões hesitam em dar a mão de suas filhas mesmo a filhos de outro sultão que não tenha a possibilidade de um dia ser tão poderoso quanto eles?
     Aladin respondeu que sabia muito bem disso e perguntou à mãe se ela preferia oferecer-lhe uma segunda vida ou vê-lo morrer de tristeza. Ela ficou muito embaraçada, mas ainda assim tentou dissuadi-lo daquela absurda pretensão. Como último argumento, alegou que não faria tal pedido ao sultão sem lhe levar um presente que o justificasse.
     - Não vos preocupeis - disse Aladin, - levareis um presente que encantará o sultão.
     Dito isso, pediu à mãe que lhe trouxesse um grande vaso de porcelana que ela possuía. Levou-o para o quarto onde guardara os frutos que trouxera do jardim encantado e que eram na verdade pedras preciosas. Encheu-os de diamantes, ametistas, pérolas, esmeraldas e safiras, compondo assim um conjunto de grande beleza.
     - Não será por falta de um presente que deixará de pedir ao sultão a mão de sua filha. Ao ver este belo presente, tenho certeza que ele lhe dará uma resposta favorável.
     Embora admitindo que o presente era muito bonito, a mãe de Aladin não escondeu sua preocupação com o desfecho de tudo aquilo.
     - E se o sultão perguntar quais são os teus bens, tuas riquezas e quais são os teus domínios, que devo responder a ele?
     - Estais preocupada com coisas que talvez nem aconteçam. Mas, se ele de fato fizer essas perguntas, me valerei de minha lâmpada mágica que tanto nos tem ajudado. Sei que ela não me faltará neste momento.
     A mãe de Aladin, afinal, decidiu fazer o que seu filho lhe pedia. Envolveu o vaso de porcelana num pano de linho e amarrou-o nas quatro pontas para melhor poder carregá-lo. Foi postar-se à entrada do palácio, onde estavam ministros e vizires à espera da audiência com o sultão. Quando todos entraram, entrou também e lá ficou durante toda a audiência, até que o sultão se retirou sem recebê-la. Em casa, Aladin a esperava aflito. Quando soube que a mãe não havia conseguido falar com o sultão, decepcionou-se, mas não desistiu. Ela prometeu voltar ao palácio e de fato voltou no  dia seguinte e mais quatro dias seguidos. No sexto dia o sultão decidiu recebê-la porque já havia reparado nela e imaginou que tinha alguma coisa importante para dizer-lhe. Ordenou ao grão-vizir que a chamasse antes de todo mundo. Ela se prosternou diante dele, que lhe perguntou o que a tinha feito vir tantas vezes à audiência e esperar com tanta paciência para ser atendida. A mulher, temendo despertar a fúria do sultão com a proposta de Aladin, rogou-lhe que a perdoasse pela audácia do pedido que lhe faria. O sultão sorriu bondosamente e disse a ela que nada temesse. Essa promessa não foi suficiente para vencer todo o seu constrangimento; por isso começou por contar como seu filho Aladin havia visto a princesa Badrulbudur e como se apaixonara por ela.
     - Tentei tirar isso da cabeça dele - disse ela ao sultão -, mas ele não pensa em outra coisa, insistindo que viesse pedir-vos a mão de vossa filha.
     O sultão antes de responder, indagou à mãe de Aladin o que trazia envolto naquele lençol de linho. Ela então desfez os nós, deixando ver o vaso de porcelana com a rica pedraria que continha. O sultão espantou-se com a beleza e perfeição daquelas pedras, de modo que por um momento ficou imóvel, extasiado. Em seguida, indagou ao grão-vizir se tão precioso presente não justificava dar ao pretendente a mão da princesa. O grão-vizir, que ambicionava casar seu filho com a princesa Badrulbudur, rogou ao sultão que não respondesse agora ao pedido da mãe de Aladin e prometeu que num prazo de três meses seu filho traria ao sultão um presente bem mais valioso que o de Aladin. Embora duvidasse da promessa do grão-vizir, o sultão decidiu atendê-lo e disse à mãe de Aladin que voltasse dali a três meses.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page5.jpeg#filehistory

     Apesar de não ter obtido a resposta do sultão, ela voltou para casa otimista, devido à maneira simpática e acolhedora como o sultão a tratara. Por isso disse a Aladin que devia se alegrar pois, na sua opinião, o sultão ia dar o consentimento para que ele casasse com a princesa. Aladin, embora lamentando o adiamento, aderiu ao otimismo da mãe e ficou contando as horas e os dias. Aconteceu, no entanto, que a mãe de Aladin, tendo saído para fazer compras, percebeu que havia nas ruas um clima de euforia e regozijo e quis saber de que se tratava.
     - Então, a senhora ainda não sabe? - respondeu-lhe um comerciante, - é que a princesa Badrulbudur casa hoje com o filho do grão-vizir.
     Ela não quis ouvir mais nada, saiu correndo em direção de casa para dar ao filho a notícia. Ao ouvi-la, Aladin ficou imóvel como se tivesse sido atingido por um raio. Mas logo se lembrou de sua lâmpada, que o tinha ajudado tantas vezes, e disse à mãe:
     - Minha mãe, o filho do grão-vizir não vai ter uma noite de núpcias tão feliz quanto ele imagina.
     Foi para o quarto, pegou a lâmpada maravilhosa e a esfregou. Logo o gênio apareceu, pondo-se às suas ordens. Aladin contou-lhe que pedira a mão da princesa e que o sultão, quebrando a promessa feita de responder-lhe em três meses, deu-a em casamento ao filho do grão-vizir.
     - Quero que, esta noite, quando estiverem no leito nupcial, tu os transportes para cá, no próprio leito.
     - Mais alguma coisa, meu senhor?
     - Não, por ora é só isso.
     O gênio sumiu. Aladin foi para a sala jantar com a mãe e mais tarde voltou para o quarto a fim de esperar a volta do gênio. Enquanto isso, no palácio, terminada a cerimônia do casamento, a princesa e seu esposo foram para o quarto. Quando o casal estava deitado na cama, surgiu o gênio e, seguindo as ordens de seu amo, carregou o leito com os dois e o levou para o quarto de Aladin.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page6.jpeg#filehistory

     - Agora - ordenou Aladin, - pega o esposo e tranca-o na privada. Feito isso, podes ir embora e voltar somente quando o dia amanhecer.
     O gênio fez o que Aladin mandou e foi embora. Aladin, ainda que ardendo de paixão pela princesa, tratou de explicar-lhe o que sucedia, garantindo-lhe que nada de mal lhe aconteceria.
     - Se tomei essa medida extrema, foi apenas para impedir que meu rival a possuísse, contrariando a promessa feita por seu pai a meu favor.
     A princesa, surpreendida com tudo o que ocorria, não soube o que dizer. Aladin se despiu e deitou-se ao lado dela, mas de costas para ela, pondo antes um sabre entre os dois para sinalizar que deveria ser punido se atentasse contra sua honra. E dormiu tranquilamente.
     Na manhã seguinte, o gênio apareceu, e Aladin mandou que soltasse o filho do grão-vizir, o deitasse de novo na cama ao lado da princesa e em seguida transportasse a cama com eles para o palácio do sultão. Assim que o gênio repôs a cama com o casal no quarto da princesa, o sultão entrou ali para saber como ela passara a noite. Percebendo que, em vez de estar alegre como esperava encontrá-la, parecia melancólica, foi ao encontro da sultana e comunicou-lhe sua preocupação. A sultana prometeu i falar com a filha, certa de que, com ela, a princesa abriria seu coração. De fato, a moça quebrou o silêncio e contou à mãe os estranhos acontecimentos que vivera durante a noite. A sultana disse que ela fizera muito bem em nada contar ao pai. Não deveria contar aquilo a ninguém, pois a tomariam por louca. E disse-lhe que se vestisse para as festas comemorativas de seu casamento, que não demorariam a começar. Realmente, ouviam-se as fanfarras e, por toda a cidade, o povo manifestou seu júbilo pela felicidade de Badrulbudur. Mas, chegada a noite, Aladin esfregou de novo a sua lâmpada e o gênio surgiu.
     - O filho do grão-vizir e a princesa devem dormir juntos esta noite. Assim que se deitarem, vá até lá e os traga para meu quarto como fizeste ontem.
     O gênio da lâmpada cumpriu à risca as ordens de seu amo, e outra vez Aladin dormiu ao lado da princesa, tendo um sabre entre os dois. No dia seguinte, quando já estava de novo em seu quarto, a princesa recebeu a visita do pai. Este, vendo-a no mesmo estado que na manhã anterior, exigiu que lhe contasse a verdade, sob pena de acaba com a vida dela. A moça, assustada, contou-lhe o que aconteceu. A mesma história foi confirmada pelo filho do grão-vizir. Diante disso, o sultão decidiu anular o casamento, alegando que o havia permitido por pensar em fazer sua filha feliz. Mas aconteceu o contrário: o casamento a tornara infeliz. Ao saber disso, Aladin deu pulos de alegria e, como contasse os dias do prazo que o sultão dera a sua mãe para voltar ao palácio, mandou, chegando o dia, que ela fosse lá para ouvir a resposta do sultão.
     Este, quando a viu sentada entre as pessoas que esperavam para ser atendidas, disse ao grão-vizir que a chamasse antes dos demais. Como da vez anterior, ela se prosternou diante do sultão. Este pediu-lhe que se erguesse.
     - Perdão, Majestade - disse ela, - se venho de novo incomodá-lo, mas é que se completou o prazo dado para eu receber a resposta de Vossa Majestade à pretensão de meu filho Aladin.
     O sultão, que pela aparência mesma da boa mulher percebera sua origem humilde, não desejava unir sua filha a uma família desconhecida e sem origem nobre. Por isso, chamou o grão-vizir à parte e perguntou-lhe o que fazer diante de tal situação.
     - Exija uma tão grande fortuna pela mão da princesa que o filho dela terá que desistir.
     O sultão achou boa a ideia e, voltando-se para a mulher, falou:
     - Cara senhora, diz ao teu filho que, para conceder-lhe a mão da princesa Badrulbudur, exijo que ele me envie quarenta bandejas de ouro maciço cheias de pedrarias iguais às que me trouxe da vez passada, e que sejam transportadas por quarenta escravos negros conduzidos por quarenta escravos brancos, jovens, de talhe elegante e magnificamente vestidos. Satisfeitas essas condições, estarei pronto para ceder-lhe a mão de minha filha. Pode ir, senhora, que fico aguardando tua resposta.
     A mãe de Aladin se retirou. Ao chegar em casa, transmitiu as exigências do sultão a Aladin, certa de que seria impossível satisfazê-las.
     - Filho - disse ela a Aladin, - acho melhor desistires desse casamento irrealizável.
     - Irrealizável por quê? Se o sultão, ao fazer essas exigências exorbitantes, pensa que me fará desistir, enganou-se.
     Foi para o quarto, pegou a sua lâmpada maravilhosa e a esfregou, fazendo logo surgir o gênio da lâmpada. Disse-lhe qual era a exigência do sultão. O gênio sumiu e logo depois reapareceu com quarenta escravos brancos e outros quarenta negros, cada um deles carregando uma salva de ouro maciço cheia de pedras preciosas.
     A mãe de Aladin, que saíra para fazer comprar, ao voltar espantou-se com aquela quantidade de gente carregando riquezas fabulosas.
     - Não percamos tempo - disse a ela Aladin, - voltai agora mesmo à presença do sultão com os escravos e as riquezas que ele exigiu. Ele terá de me conceder hoje mesmo a mão de sua filha.
     Antes que sua mãe tomasse qualquer iniciativa, Aladin abriu a porta da casa e fez saírem à rua os primeiros escravos com as salvas de ouro, causando surpresa aos passantes. E assim foi durante todo o percurso até o palácio, o povo se aglomerando nas calçadas para ver passar aquele impressionante desfile de escravos negros e brancos carregados de ouro  pedras preciosas.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page7.jpeg

     Ao chegarem ao palácio, o sultão já havia sido avisado e mandara abrir o portão de entrada. As fileiras de escravos, ricamente vestidos, penetraram no grande salão de audiência, carregando as salvas de ouro com as pedras preciosas de cores deslumbrantes. O sultão mal conseguia acreditar no que presenciava. Nunca tinha visto em toda a sua vida tanto luxo e tanta riqueza. Mais impressionado estava com a incrível rapidez com que Aladin satisfizera suas exigências. Por isso, chamou a mãe de Aladin e lhe disse:
     - Minha boa senhora, vai dizer a teu filho que estou à espera dele de braços abertos e que venha receber de minhas mãos a permissão para esposar a princesa minha filha.
     Ela logo se despediu do sultão e se dirigiu apressadamente para casa a fim de dar ao filho a grande notícia. Abraçou-o e, rindo de alegria, lhe disse:
     - Filho, o sultão te espera para te dar a princesa como esposa.
     Aladin, exultando de felicidade, foi para seu quarto, chamou o gênio da lâmpada e ordenou que lhe providenciasse um banho perfumado e lhe trouxesse a vestimenta mais rica e magnífica que um monarca tivesse jamais ostentado. Logo o gênio sumiu para tomar as providências, que cumpriu com rapidez. Findo o banho, o gênio lhe entregou uma vestimenta tão luxuosa e linda que o própria Aladin se deteve extasiado a contemplá-la. Em seguida, enquanto se vestia, ordenou ao gênio outras providências para compor a comitiva com que se apresentaria ao sultão. E assim chegou ele ao palácio montado num belíssimo cavalo branco, ornado de prata e pedraria e acompanhado por quarenta escravos portando cada um deles uma bolsa com mil peças de ouro. Apeou do cavalo e entrou na grande sala onde o sultão o acolheu com distinção e carinho, abraçando-o e impedindo-o de se curvar a seus pés para beijá-los. A um sinal seu, logo se ouviu o soar de tambores e címbalos. O sultão conduziu Aladin até um magnífico salão onde se servia um festivo banquete para convidados, ministros e membros da corte. Findo o banquete, foi firmado o contrato de casamento que unia para sempre Aladin e a princesa Badrulbudur.

     Então Aladin manifestou ao sultão o propósito de construir um magnífico palácio, digno da princesa sua esposa, em frente àquele onde estavam. O sultão louvou a ideia do genro e pôs à sua disposição um terreno vago que ali havia. Aladin, quando se encontrou sozinho, esfregou a lâmpada chamando o gênio, que logo apareceu perguntando-lhe o que desejava. Elogiou a presteza e eficiência com que o gênio o tinha servido até ali, mas disse-lhe que este agora era um pedido especialíssimo: tratava-se de construiu um palácio que estivesse à altura de seu amor por Badrulbudu. Deu-lhe uma ideia de como gostaria que fosse o edifício, o tamanho e a quantidade de quartos e salas, bem como a decoração, que deveria ser em jaspe, pórfiro, ágata, lápis-lazúli e mármore finíssimo.
     Anoitecia quando Aladin encarregou o gênio da lâmpada de construir o palácio e já na manhã seguinte ele estava pronto. Acompanhado do gênio, percorreu todas as dependências do enorme palácio, cuja beleza e requinte excederam-lhe a expectativa. Para completar, pediu ao gênio que estendesse um tapete de veludo vermelho, da porta do novo palácio à do palácio do sultão, a fim de que a princesa viesse por ele até a sua nova moradia. Efetivamente, naquele dia, ao anoitecer, a mãe de Aladin pediu permissão ao sultão para acompanhar a princesa até o ovo palácio. As duas caminharam juntas pelo tapete vermelho e, à medida que se aproximavam, ouvia-se a fanfarra das trombetas que saudava a chegada da princesa. Aladin a esperava à porta do palácio e, depois de beija-lhe respeitosamente a mão, conduziu-a até o grande salão onde se realizava uma grande festa em sua homenagem. Assim ele deu início à sua nova vida, elevado à categoria de príncipe. Todos os dias passeava em volta do palácio e pelas ruas da cidade, montado em seu cavalo branco, ajaezado de prata e pedras preciosas, distribuindo moedas de ouro aos mendigos e necessitados. Tornou-se por isso muito amado pelo seu povo.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page10.jpeg#filehistory

     Vários anos depois do casamento, o mágico africano, que não se conformou com a perda da lâmpada maravilhosa, decidiu saber se Aladin de fato morrera ou se conseguira escapar. Lançou mão de sua práticas diabólicas e descobriu que ele não só sobrevivera como se tornara rico e poderoso. Furioso por ver que Aladin se apoderara da lâmpada maravilhosa, decidiu voltar à China a fim de reavê-la. Ao chega à cidade, logo ouviu falar de Aladin e de seu magnífico palácio. Foi até lá e não teve dúvida de que ele o construíra graças à ajuda da lâmpada maravilhosa. "A lâmpada maravilhosa me pertence e eu vou tomá-la desse filho de um alfaiate", rosnou o mágico.
     Foi até o palácio de Aladin e lá soube que ele havia saído para caçar e só voltaria três dias depois. "A oportunidade é esta", disse para si mesmo, e saiu atrás de um fabricante de lâmpadas a quem encomendou uma dezena delas. Pagou o que o homem pediu e, pondo-as numa cesta, saiu pela cidade a gritar: "Quem quer trocar lâmpadas velhas por novas?" Esse pregão provocava o riso das pessoas, que pensavam ter aquele homem perdido o juízo. As crianças iam atrás dele fazendo algazarra. Ao passar pelo palácio, uma das escravas da princesa que, ao ouvir o pregão, foi ver do que se tratava, voltou para dentro às gargalhadas. A princesa perguntou do que se ria, e ela contou, sem parar de rir, que era um vendedor maluco querendo trocar lâmpadas velhas por novas. Uma outra escrava, que acabara de entrar no aposento, lembrou que havia num dos quartos uma lâmpada velha que poderia ser trocada. A princesa, que não sabia tratar-se da lâmpada maravilhosa, autorizou a troca. De posse da lâmpada - que ele identificou ser a que buscava - o mágico africano tratou de se afastar do palácio sem mais apregoar nada.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Robida_Aladin_illustration_page11.jpeg

     Quando chegou ao albergue onde se hospedara, esperou que a noite caísse e só então esfregou a lâmpada maravilhosa. O gênio logo apareceu:
     - Que desejais? - perguntou ele ao mago africano. - Aqui estou pronto a obedece-vos como vosso escravo, eu e todos os demais escravos da lâmpada.
     - Ordeno-te que transportes o palácio que tu e os escravos da lâmpada construíram para Aladin, com todos os objetos e pessoas que há dentro dele, e a mim também, para um ponto da África que te indicarei.
     O gênio e os demais escravos da lâmpada cumpriram imediatamente as ordens do mágico africano. De um momento para outro, o palácio sumiu diante dos olhos das pessoas. O sultão, que costumava contemplá-lo pela janela de seu gabinete, levou um susto ao perceber que ele não estava mais lá. Sem crer no que os próprios olhos viam, foi até lá fora e encontrou apenas o terreno vazio. Mandou chamar imediatamente o grão-vizir, que também se surpreendeu com o fato.
     - Que pode ter acontecido? - indagava perplexo o sultão.
     O grão-vizir, que não se conformara com o casamento de Aladin e a princesa, sua ex-nora, falou:
     - Majestade, estais lembrado de minhas palavras, quando esse palácio surgiu de repente em frente ao vosso? Disse a Vossa Majestade que se tratava de obra de um mágico, uma ilusão. Isso explica seu desaparecimento agora.
     - É verdade! - exclamou o sultão tomado de furor. - Fui enganado! Onde está aquele impostor? Vou mandar que lhe cortem o pescoço!
     Aladin estava caçando distante da cidade quando recebeu a mensagem de que o sultão desejava vê-lo com urgência. Sem suspeitar de nada, acompanhou o pelotão da guarda do palácio que veio buscá-lo. Somente ao se aproximarem do palácio, o chefe da guarda lhe deu ordem de prisão em nome do sultão. Surpreso, Aladin perguntou-lhe se sabia de que o acusavam, mas o oficial respondeu que de nada sabia.
     Aladin foi conduzido à presença do sultão, que o esperava junto com o grão-vizir e um carrasco, já pronto para decapitá-lo. Sem nada perguntar a Aladin, o sultão disse ao carrasco que lhe cortasse a cabeça; mas, nesse momento, ouviram-se vozes e rumores que vinham de fora do palácio. Era o povo que, sabendo das intenções do sultão contra Aladin, forçava os portões do palácio para salvar-lhe a vida. Foi então que o grão-vizir aconselhou o sultão a usar de cautela, suspendendo a ordem de decapitação, até que as coisas se acalmassem. O sultão concordou com ele e mandou que soltassem Aladin. Este, ao ver-se livre, pediu ao sultão que lhe dissesse qual tinha sido o seu crime, uma vez que se considerava inocente de qualquer culpa.
     - Ainda tens a coragem de me fazer semelhante pergunta? Pois vem até meu gabinete.
     Chegando lá, o sultão disse a Aladin que olhasse pela janela.
     - Já olhaste? Pois agora dize-me onde está o palácio que havias construído em frente ao meu. E minha filha, para onde a levaste?
     Aladin ficou ainda mais perplexo do que o sultão.
     - Majestade - disse Aladin, - juro por tudo o que é sagrado que não sei explicar o que aconteceu. Jamais praticaria qualquer ato que atentasse contra meu próprio palácio e minha nobre esposa. Minha surpresa não é meno que a vossa.
     - Pouco me importo com o teu palácio e suas riquezas. Minha filha, sim, é a maio riqueza que tenho no mundo e se não a trouxeres de volta mandarei cortar-te o pescoço, quer o povo concorde ou não com isso.
     Aladin então implorou ao sultão que lhe desse um tempo para encontrar a princesa. Quarenta dias que fosse.
     - Está bem - respondeu o sultão, - te darei o tempo que me pedes. Mas, se em quarenta dias não me trouxeres minha filha, mandarei buscar-te em qualquer ponto da terra onde estiveres e te darei o merecido castigo.
     Aladin saiu da presença do sultão profundamente humilhado. Não sabendo o que fazer, vagou pelas ruas da cidade, sem rumo e sem tomar conhecimento do que se passava à sua volta. Ele era só angústia e perplexidade. Quando deu por si, estava longe da cidade, às margens de um rio. Como não lhe ocorresse qualquer ideia do destino que tiveram seu palácio e sua princesa, pensou em jogar-se nas águas do rio e dar cabo da própria vida. Antes, porém, como bom muçulmano, pôs-se a orar. Trazia no dedo o mesmo anel mágico que o salvara de morrer sepultado vivo e, de novo, ao juntar as mãos, roçou no anel. Logo surgiu à sua frente o gênio do anel, que lhe disse:
     - Que desejais? Estou aqui pronto a obedecer-vos, eu e os demais escravos do anel.
     Aladin sentiu voltarem-lhe as esperanças e então pediu ao gênio que lhe restituísse o palácio e a princesa que haviam sumido. O gênio respondeu-lhe que isso estava fora de sua alçada; ele deveria fazer esse pedido ao escravo da lâmpada. Aladin pediu-lhe então que o levasse ao lugar para onde haviam levado o palácio e a princesa Badrulbudur.
     Mal acabou de falar, foi transportado para a África e posto em frente a um palácio que ele reconheceu imediatamente ser o seu. Do ponto em que estava, via o setor onde ficavam os aposentos da princesa. Já era noite, e Aladin, que de tanto vagar e pensar estava exausto, recostou-se a uma árvore e adormeceu.
     Na manhã seguinte, quando a princesa se levantou e foi até a janela para apreciar o esplendor da manhã, viu Aladin, que gesticulava para ela. Sua surpresa e sua emoção foram indescritíveis. Por sinais, pediu a ela que mandasse abrir a porta secreta que dava acesso a seus aposentos e, sem demora, os dois estavam se abraçando e se beijando apaixonadamente.
     Passado esse primeiro momento de muito alegria, Aladin deu-se pressa em peguntar à princesa quem a trouxera para ali. Suas primeiras palavras já fizeram Aladin concluir que se tratava mesmo do mágico africano. Ela lamentou o erro que cometera entregando inadvertidamente a lâmpada mágica ao maligno feiticeiro africano.
     - Não tens que te recriminar - disse Aladin. - Vamos tratar é de reaver a lâmpada. Sabes onde ele a guarda?
     - Ele a traz sempre consigo, envolta em suas vestes - respondeu ela.
     Sabedor de que o feiticeiro africano vinha todos os dias aos aposentos da princesa, tentando convencê-la a esquecer o esposo e casar-se com ele, Aladin traçou seus planos. Iria à cidade comprar um pó venenoso que ela devia misturar à bebida do feiticeiro quando ele viesse visitá-la. Os olhos da princesa encheram-se de lágrimas quando Aladin se despediu, embora soubesse que em breve estaria de volta. Aladin agiu o mais rápido que pôde, de modo que, ainda naquele dia, Badrulbudur estava de posse do veneno.
     À noite, quando o mágico africano entrou em seus aposentos, encontrou-a lindamente trajada. Perguntou por que se embelezara para recebê-lo e ela, apesar da repugnância que ele lhe causava, estendeu-lhe a mão e sorriu de maneira sedutora. O mágico entusiasmou-se, certo de que a princesa finalmente aceitara ceder a seus insistentes apelos amorosos. Para festejar aquele momento, foi pessoalmente buscar o vinho mais precioso que tinha em sua adaga para que o bebessem juntos. De acordo com as instruções de Aladin, ela aproveitou um momento de distração do feiticeiro para despejar em seu cálice o pó mortal. Em seguida, propôs um brinde a que o mágico acedeu com entusiasmo, despejando garganta abaixo todo o vinho que estava em seu cálice. Poucos instantes depois, tombava morto no divã.
     Nesse mesmo instante a porta se abriu e entrou Aladin que, ao ver o feiticeiro morto, abraçou a princesa, entusiasmado. Em seguida pediu a ela que o deixasse só, no quarto, pois deveria tomar as providências que os levariam de volta à China. Ela saiu, e Aladin, aproximando-se do cadáver do feiticeiro, retirou de sob suas vestes a lâmpada maravilhosa. Esfregou-a e logo surgiu o gênio que se pôs à disposição dele.
     - Ordeno que faças transportar imediatamente este palácio para o luga onde estava antes.
     O gênio da lâmpada cumpriu de imediato a ordem de Aladin: em minutos o palácio estava em seu lugar de origem, em frente ao palácio do sultão. Este, que desde o sumiço da filha vivia triste e abatido, ao abrir a janela de seu gabinete e depara-se com o palácio de Aladin ali plantado, para lá se dirigiu, louco por rever a filha e abraçá-la. Pai e filha não contiveram as lágrimas ao se reencontrarem depois de tanta aflição. Aladin então contou ao sultão como o feiticeiro usara do estratagema de trocar lâmpadas velhas por novas e assim conseguira levar-lhe sua lâmpada maravilhosa. O sultão, para expressar sua alegria e felicidade, decretou dez dias de festas nos seus domínios. O cadáver do mágico africano foi abandonado no mato para ser comido pelos abutres e chacais. Aladin e a princesa retomaram o curso de sua vida tranquila e feliz.

     O mágico africano tinha um irmão mais novo que não era menos capaz do que ele na prática da magia. Pode-se mesmo dizer que o superava tanto nas artes mágicas quanto na crueldade. Como viviam distantes um do outo, só depois de algum tempo ele soube da morte do irmão. E ao saber que seu cadáver tinha sido entregue aos corvos e às hienas, decidiu vingar-se e rumou à China.
     Chegando à cidade onde viviam Aladin e sua princesa, o irmão do mágico africano vagou pelas ruas, misturado às pessoas e de ouvido atento ao que elas diziam. Assim, tomou conhecimento da existência de uma mulher chamada Fátima, que vivia retirada e tinha poderes mágicos. Tratou de descobrir onde ela morava e, à meia-noite, para lá se dirigiu. A mulher dormia quando ele penetrou na casa e dela se aproximou com um punhal na mão. Fátima assustou-se ao acordar tendo diante de si um homem que ameaçava apunhalá-la. Antes que gritasse, ele a segurou e tapou-lhe a boca.
     - Não vou te fazer mal - disse ele. - Quero apenas que me dês a roupa que vestes e que vistas a minha.
     Após trocaram de roupa, ele a obrigou a lhe pentear os cabelos à semelhança dos dela e tapou o rosto com o lenço. Depois disso, matou-a e a jogou dentro de uma cisterna. Ficou na casa até o amanhecer e, bem cedo, disfarçado de mulher, aparentando ser a milagrosa Fátima, dirigiu-se ao palácio de Aladin, para observá-lo e estudar a melhor maneira de executar seu plano de vingança. Julgando tratar-se da própria Fátima, as pessoas se aproximaram, umas pedindo-lhe bênção, outras para tocá-la ou para ouvir dela uma palavra de conforto. De caso pensado, foi-se aproximando do palácio de Aladin, sempre rodeado por uma pequena multidão. Foi assim que a princesa Badrulbudur, tendo sua atenção despertada pelo rumor de vozes no pátio do palácio, pediu a uma de suas escravas que fosse ver o que se passava. A escrava espiou pelas persianas e, de volta, disse-lhe que o tumulto era provocado pela presença de uma santa mulher chamada Fátima, conhecida pelos milagres que fazia. A princesa quis conhecê-la e mandou que um de seus eunucos fosse até o pátio buscá-la. A falsa Fátima não se fez de rogada e em poucos instantes estava diante da princesa, conforme era seu plano. Para ganhar-lhe a confiança, começou a rezar uma prece que disse ser pela boa saúde e felicidade da princesa. Esta, sempre de boa-fé, disse-lhe que viesse sentar-se ao seu lado. A fingida Fátima, afetando humildade, obedeceu-a. Então a princesa convidou-a a ficar morando no palácio, pois desejava muito saber de sua vida e de seus dotes milagrosos. A falsa Fátima aceitou de imediato o convite da princesa, pois vinha a calhar com sua intenção de introduzir-se no palácio de Aladin. A princesa então convidou sua hóspede para conhecer as dependências do magnífico palácio. Ao chegar ao salão das vinte e quatro cruzetas, o mágico disfarçado de mulher disse à princesa:
     - Desculpe-me a audácia mas não achais que ficaria mais bonito este salão se, bem no centro da cúpula, no alto, houvesse um ovo de roco pendurado? Com isso, nenhum salão existente no mundo poderia a ele se comparar.
     A princesa achou a ideia magnífica. Quando Aladin, que estava ausente, chegou ao palácio, a princesa falou-lhe do desejo de ter, no salão das vinte e quatro cruzetas, um ovo de roco pendurado. Aladin respondeu-lhe que qualquer desejo dela era uma ordem, pois tudo faria para satisfazer-lhe as vontades. Foi até o quarto contíguo, pegou a lâmpada mágica que trazia sempre consigo e evocou a presença do gênio. Quando este apareceu, disse-lhe para pendurar um ovo de roco na cúpula do salão de vinte e quatro cruzetas. Mal terminou de pronunciar essas palavras, o gênio soltou um grito alucinante que fez estremecer as paredes do palácio. Em seguida, falou:
     - O quê, homem miserável?! Depois de tudo o que fizemos por vós, satisfazendo-vos todos os desejos, quereis agora que vos traga meu senhor e o pendure n alto deste salão?! Merecerias que vos reduzisse a cinzas mas, como sei que essa ideia absurda não partiu de vós, e sim de vosso pior inimigo, o irmão do mágico africano, eu vos desculpo. Disfarçado de mulher, ele está aqui em vosso palácio, e a intenção dele é acabar com vossa vida.
     Aladin não perdeu tempo. Como tinha ouvido falar que um dos poderes de Fátima era curar dor de cabeça, Aladin foi ao encontro da esposa e lhe disse que sentia uma dor de cabeça horrível. A princesa foi então chamar a milagrosa Fátima para curá-lo. Quando a viu entrar, Aladin lhe disse:
     - Bondosa senhora, já ouvi falar de vossos poderes milagrosos e peço-vos que me cure da furiosa dor de cabeça que estou sentindo.
     Disse-lhe isso e beijou-a na teste. Neste instante, a falsa Fátima sacou do punhal; mas, antes que desferisse o golpe fatal contra Aladin, este, que estava prevenido, tomou-lhe a arma e a enterrou no peito do mágico travestido de mulher. Ele caiu morto. A princesa, sem entende o que ocorria lamentou o que o marido fizera com a santa mulher.
     - Não se trata de uma mulher, e muito menos de uma santa - disse ele a Badrulbudur. - Logo verás que sob estas roupas de mulher esconde-se o irmão do mágico africano, o mesmo que te sequestrou e se apropriou de nosso palácio.
     Dizendo isso, abriu as vestes do morto, tirou-lhe o véu que trazia no rosto, deixando ver que se tratava de um homem. Em seguida, contou como soube do disfarce adotado pelo mágico africano que pretendia vingar a morte do irmão. Foi assim que Aladin livrou-se da perseguição dos dois irmãos mágicos. Anos depois, o sultão morreu sem deixar um filho homem. O reino passou às mãos de Badrulbudur, que transferiu o poder real a seu marido, Aladin. Eles viveram felizes muitos anos e tiveram vários filhos.

Fonte: http://www.fanpop.com/clubs/aladdin/images/27783616/title/aladin-fanart


     "A história nos mostra dois homens ambiciosos - os dois magos africanos - que desejavam conquistar fortunas fabulosas a qualquer preço, sem nenhum escrúpulo. Mostra também, de outo lado, um homem sem maldade, Aladin, para quem o amor é mais importante que tudo. Mostra ainda um sultão disposto a sacrificar um inocente que considerou culpado sem deixar que se defendesse. Felizmente, tudo acabou bem para os bem intencionados e mal para os inescrupulosos, que receberam o merecido castigo."

Um comentário: